A China lembrou hoje o aniversário de um ano do terremoto que atingiu o país com uma cerimônia sóbria, repleta de flores e discursos, televisionada em rede nacional. A homenagem de 30 minutos às vítimas propiciou um momento de catarse pública. Prestada pelo geralmente distante governo chinês, a homenagem ocorreu em frente a uma escola destruída na cidade de Yingxiu, na província de Sichuan, epicentro do terremoto de magnitude 7,9 que abalou a China no dia 12 de maio de 2008. Quase 90 mil pessoas morreram ou ficaram desaparecidas, e 5 milhões perderam suas casas em consequência do pior terremoto em décadas no país.

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O evento solene foi televisionado ao vivo, ressaltando os efeitos dolorosos do desastre na consciência nacional. A amplitude e a pompa da cerimônia geralmente são reservadas a eventos oficiais do Partido Comunista, em Pequim. A destruição provocada pelo terremoto uniu o país em grandes esforços de resgate e atraiu doações privadas e internacionais. Mas a tragédia chamou a atenção para uma questão política incendiária: por que tantas escolas desabaram com o terremoto enquanto construções nos arredores mal foram afetadas?

Pais de estudantes mortos não se conformam e acusam o governo de corrupção e mal gerenciamento que resultaram em construções de qualidade inferior. “Nosso filho está morto, não quero mais viver, então não tenho medo, quero falar”, afirmou Fu Guiqun, da cidade de Beichuan, que foi tão fortemente abalada que precisou ser transferida para outro local. “Meu filho teve uma morte terrível. Por que a escola dele teve que desabar? As construções são tão mal feitas”, protestou. Seu marido, Wu Zhenwei, acrescentou: “Alguns dos chiqueiros que construí há dez, 20 anos atrás, são mais fortes (do que as construções das escolas)”.

Repreensão

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Pais estavam entre as dúzias de pessoas que se juntaram em frente à Beichuan Middle School, destruída pelo tremor de terra, e onde cerca de mil alunos e funcionários morreram. Muitos dos pais que tentaram processar autoridades locais pela fragilidade das construções das escolas foram detidos ou alertados para que se calem.

Chen Guanghui, cujo filho morreu em meio ao colapso da Beichuan Middle School, afirmou que, como muitos outros pais de estudantes mortos, ainda espera uma resposta apropriada para alegações de que as escolas não eram seguras, como resultado de corrupção e pouca supervisão durante a construção. “Claro que estou revoltado. A escola foi mal construída. Nada em volta do local desabou.” Até agora ninguém foi punido ou apontado como responsável pelo colapso das escolas e autoridades insistem que não encontraram evidência de construções de qualidade inferior, o que é questionado por especialistas.

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