China inaugura linha de trem mais longa do mundo

A China estreou nesta quarta-feira a mais longa ferrovia de trem-bala do mundo, que liga a capital, Pequim, à cidade mais próspera do extremo sul do país, Cantão, um eixo de 2.298 quilômetros que consolida o gigante asiático como líder mundial neste tipo de rede.

Após uma cerimônia com autoridades estatais, o primeiro trem-bala que cobre o trajeto partiu às 9h locais (23h de terça-feira em Brasília) da Estação Oeste de Pequim, e uma hora depois aconteceu a viagem inaugural no sentido contrário.

O primeiro trem-bala Pequim-Cantão cobriu o percurso em 7 horas e 59 minutos, enquanto jornalistas chineses a bordo do que partiu de Cantão relataram uma hora de atraso, aparentemente por causa da neve e do gelo nos trilhos de um dos trechos que fizeram com que os condutores reduzissem a velocidade para menos de 300km/h.

Os trens mais rápidos da linha cobrirão o trajeto em menos de 8 horas, frente às 20 dos modelos convencionais.

A nova infraestrutura marca um antes e depois na conexão por terra de muitas cidades do interior do país (capitais provinciais como Shijiazhuang, Zhengzhou, Wuhan e Changsha), e o fato de que a inauguração coincide com o 119º aniversário do nascimento de Mao Tsé-tung mostra a importância que o regime dá à obra.

No ano passado, outra importante data para o comunismo chinês, o 1º de julho (90º aniversário da fundação do Partido Comunista) foi escolhida para abrir outra grande via para trens de alta velocidade, a Pequim-Xangai.

O trajeto inaugurado hoje “liga de forma próxima a zona econômica de Bohai (Tianjin, Pequim) com as dos deltas do Yang Tsé e do Pérola (Cantão, Hong Kong, Macau)”, destacou na inauguração o diretor de ciência e tecnologia do Ministério de Ferrovias, Zhou Li, citado pela agência “Xinhua”.

Os trens passam por seis províncias nas quais vivem cerca de 600 milhões de pessoas – quase a metade da população nacional -, e agora o próximo desafio é a linha Zhengzhou-Xuzhou, que fará a ligação direta entre as ferrovias Pequim-Cantão e Pequim-Xangai.

Na linha aberta hoje circularão a cada dia, cobrindo parcial ou totalmente o trajeto, 155 trens, cuja via transcorre paralela à das ferrovias convencionais, nos quais ainda haverá um amplo serviço (183 trens) à espera de ver se os passageiros acham o custo das passagens alto demais para seu orçamento.

Os bilhetes custarão, dependendo deste parâmetro, 700 ou 800 iuanes (R$ 229 ou R$ 262) para a classe turística, ou o dobro nos vagões de luxo, um preço que para muitos chineses continua sendo elevado, e pouco competitivo em relação ao dos aviões.

Recentemente foi inaugurada outra importante linha, entre Pequim e Harbin (vizinha à Rússia), a primeira do planeta na qual os trens-bala circulam por montanha, que unida à abertura da Pequim-Cantão faz com que os viajantes na China possam viajar do extremo norte ao sul do país em alta velocidade.

Com a construção deste eixo ferroviário norte-sul, a China se reforça como líder mundial no setor, com mais de 9.300 quilômetros em funcionamento, e ao mesmo tempo se promove para novos investimentos no exterior, onde já constrói ferrovias de alta velocidade nos Estados Unidos ou na Arábia Saudita, entre outros países.

O 12º Plano Quinquenal, que regula as metas econômicas do país asiático entre 2011 e 2015, prevê que o país tenha no final desse período 120 mil quilômetros de linhas ferroviárias, e que pelo menos 18 mil delas sejam de alta velocidade.

O prestígio dos trens-bala chineses ficou manchado em 2011 com o primeiro acidente mortal deste tipo de transporte no país e a destituição do então ministro de Ferrovias, Liu Zhijun, acusado de ter enriquecido com os investimentos milionários desta nova infraestrutura.

A colisão de dois trens de alta velocidade em julho do ano passado em Wenzhou, no leste do país, no qual faleceram 40 pessoas, levantou suspeitas em torno da rapidez com a qual a China construiu a maior rede mundial, que apesar de seu grande tamanho só tem cinco anos de vida.

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