O governo chinês ignorou as perguntas, feitas nesta quinta-feira (22), sobre a razão pela qual censurou a tradução do discurso de posse do presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, retirando referências ao comunismo e aos regimes que reprimem dissidentes. “Eu não estou ciente da questão que você mencionou, mas acho que a mídia chinesa tem seus próprios direitos de edição”, disse aos repórteres uma porta-voz do Ministério do Exterior, Jiang Yu.

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A rede estatal Televisão Central da China transmitiu o discurso de Obama ao vivo. Mas quando o tradutor mencionou a palavra comunismo, o canal repentinamente cortou para um âncora que sorria sem jeito e estava claramente despreparado para a câmera.

No discurso, Obama relembrou que “gerações anteriores enfrentaram o fascismo e o comunismo não apenas com mísseis e tanques, mas com vigorosas alianças e convicções duradouras”. Ele também fez referências a regimes que se mantém no poder por meio da corrupção, das fraudes e do silêncio dos dissidentes, uma questão sensível na China, onde muitos dissidentes padecem em prisões ou estão sob vigilância da polícia. Esta parte do discurso também foi censurada. Os principais portais de internet e jornal People’s Daily, porta-voz do Partido Comunista, também não publicaram essas falas.

Jiang também defendeu a forma como os chineses lidam com os direitos humanos. “A China respeita e protege os direitos humanos. Isto está assegurado na Constituição da China”, disse ela. “A China tem feito uma série de progressos que têm sido noticiados no mundo inteiro”, acrescentou. Defensores dos direitos humanos lembram a prisão de dissidentes e jornalistas que se atrevem a criticar o governo.

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