China expande proibição de desenhos animados estrangeiros

Pequim – A Administração Estatal de Rádio, Filme e Televisão chinesa anunciou nesta quarta-feira (20) a extensão em uma hora, agora das 17h às 21h, na proibição para a transmissão de desenhos animados estrangeiros nas emissoras de TV do país.

A medida foi tomada para "criar um ambiente favorável à inovação da indústria chinesa dos desenhos animados".

A administração pediu também aos canais que mantenham uma relação de sete a três entre as transmissões de desenhos chineses e estrangeiros.

Entretanto, está em curso uma campanha de "moralização" do conteúdo dos programas de TV e rádio que, segundo a política promovida pelo presidente Hu Jintao, devem refletir uma imagem "harmônica" da sociedade.

As autoridades chinesas consideram que a exigência de mostrar na TV uma realidade harmoniosa é imprescindível com a aproximação dos Jogos Olímpicos, que ocorrerão de 8 a 24 de agosto em Pequim.

A primeira proibição aos desenhos estrangeiros, que ia das 17h às 20h, havia sido imposta no segundo semestre de 2006, também motivada pela necessidade de proteger a indústria local, que em 2007 produziu 186 desenhos, 23% a mais do que no ano anterior.

Porém, sites especializados, considerados o principal veículo de expressão da opinião pública chinesa mesmo com a censura, abrigam um grande número de comentários, em grande parte críticos à nova censura.

"Não haverá mais competição e os desenhos chineses não terão estímulo para melhorar", escreveu no www.sina.com um usuário identificado como BJ. "A chave é melhorar a qualidade dos desenhos chineses", acrescentou outro cidadão anônimo, dizendo que "as pessoas os assistirão quando os desenhos estiverem melhores".

Os desenhos animados estrangeiros, principalmente os norte-americanos, japoneses e sul-coreanos, são muito vistos na China, onde são vendidos em DVDs a preços acessíveis.

O primeiro desenho a chegar à China foi o japonês "Astro Boy" em 1981. Durante a campanha moralizadora, foram proibidos – por razões não muito claras – além dos considerados "vulgares", todos os espetáculos que tenham em seu conteúdo mágica ou casos sobrenaturais.

Segundo um artigo publicado no Jornal do Povo, órgão do Partido Comunista Chinês, apenas alguns filmes – como aqueles em que aparece o aprendiz de mago Harry Potter, muito popular na China – ficarão fora da proibição.

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