O governo chinês desmentiu hoje as acusações de que estaria bloqueando o acesso ao Gmail, o serviço de e-mail do Google no país, em meio à intensificação do controle sobre a internet por causa dos temores de que os levantes no Oriente Médio possam se alastrar também pela China.
“Nós não aceitamos tais acusações”, disse a porta-voz do Ministério de Relações Exteriores, Jiang Yu, quando perguntada sobre um comunicado do Google emitido no domingo. Alguns usuários do Google na China relataram dificuldades em acessar suas contas de e-mail nas últimas semanas e a empresa disse, em comunicado breve, que seus engenheiros haviam descoberto que não havia problemas técnicos com os serviços de e-mail ou em seu site principal.
“Não há uma questão técnica do nosso lado, fizemos verificações extensivas. Isto é um bloqueio do governo cuidadosamente feito para parecer que o problema é com o Gmail”, diz o comunicado do Google.
A China exerce rigorosos controles sobre a internet e bloqueia sites internacionais de mídias sociais, desde que protestos pela democracia surgiram no Oriente Médio em janeiro. Nessa época, convocações anônimas para a realização de manifestações para uma “revolução do jasmim” na China deram início a uma reação das autoridades chinesas, que aprofundaram a censura à internet e enviaram um grande número de policiais para os locais onde os protestos aconteceriam. Nenhuma manifestação foi realizada.
Funcionários do Google disseram que o recente bloqueio na China, o mercado de internet mais populoso do mundo, parece ser mais sofisticado do que outros enfrentados por usuários no passado, porque a interrupção não é um bloqueio total. Além disso, um mensagem publicada num blog no dia 11 pelo Google, sobre segurança, diz que a empresa havia “notado alguns ataques contra alvos precisos e com motivação aparentemente política contra nossos usuários”.
“Nós acreditamos que ativistas podem ser os alvos específicos”, diz a mensagem. Mas o Google negou-se a especificar quais ativistas estariam sendo atingidos ou a origem dos ataques. Um porta-voz da empresa se recusou a dizer se o Google havia levado a questão diretamente para funcionários do governo chinês.
Este é o mais recente desentendimento entre o Google e o governo chinês. Em janeiro do ano passado, a empresa disse que não iria mais cooperar com a exigência chinesa de censurar os resultados de pesquisas para sites ou conteúdos proibidos. A empresa também reclamou de grandes ataques contra seu site feitos por hackers chineses, indicando que o governo deveria investigá-los. Desde então, o Google transferiu suas bases de busca em língua chinesa para Hong Kong, onde operam sob regras diferentes do restante da China. As informações são da Associated Press.