A China divulgou nesta sexta-feira (21) uma lista dos 21 manifestantes "mais procurados", em que exibe fotos granuladas de pessoas brandindo facas e protestando em Lhasa, capital do Tibete, este mês. Milhares de soldados continuaram revistando áreas tibetanas no Oeste da China para conter os protestos. A presidente da Câmara dos Deputados dos EUA, Nancy Pelosi, por sua vez, deu seu apoio à causa tibetana ao visitar o Dalai Lama, na Índia, classificando a violência da China como "um desafio à consciência do mundo".
As críticas dela se somaram ao crescente coro internacional em relação à violenta resposta de Pequim aos protestos antigovernamentais no Tibete, enquanto a China busca responsabilizar os partidários do líder espiritual tibetano pelas manifestações que representam o maior desafio ao domínio de Pequim em duas décadas.
Pelosi, que liderou uma delegação de deputados em uma viagem previamente agendada à Índia, foi recebida calorosamente pelo Dalai Lama, que colocou uma echarpe amarela sobre seus ombros, conforme o costume budista. "Se as pessoas que amam a liberdade no mundo não se pronunciarem contra a opressão da China na China e no Tibete, teremos perdido toda a autoridade moral para falar em favor dos direitos humanos em qualquer lugar do mundo", disse Pelosi antes de saudar uma multidão de milhares de pessoas em Dharmsala, na Índia, sede do governo no exílio do Dalai Lama.
Ela pediu uma investigação internacional sobre a violência no Tibete e refutou as alegações da China de que o Dalai Lama está por trás dos protesto. "Não faz sentido", disse. A resposta da China às manifestações chamou a atenção do mundo para a questão dos direitos humanos no país, ameaçando a intenção de Pequim de projetar uma imagem de unidade e prosperidade nas vésperas das Olimpíadas que acontecem entre 8 e 24 de agosto.
Hoje (21), as autoridades chineses intensificaram uma caçada aos suspeitos, divulgando suas fotos, retiradas de câmaras de vídeo e gravações das forças de segurança, em grandes portais na internet. Mostradas sob o título "Lista de Suspeitos de Crimes do Birô de Segurança Pública de Lhasa", 21 pessoas são acusadas de colocarem a segurança nacional em risco e de atacarem, saquearem e incendiarem. Um dos suspeitos é mostrado brandindo uma longa espada. Outro é um homem de bigode, que foi mostrado em noticiários atacando um outro com uma lâmina de uns 30 centímetros.
A agência de notícias oficial Xinhua disse que dois dos 21 suspeitos já haviam sido detidos e que um terceiro se entregou. As autoridades pediram a ajuda do público, oferecendo recompensa por informação e garantindo o anonimato aos informantes. Até agora, a polícia prendeu 24 pessoas e outras 170 se entregaram, disse a Xinhua.
Os protestos em Lhasa, uma impressionante demonstração de desafio contra 57 anos de domínio chinês sobre o Tibete, desencadeou demonstrações de solidariedade nas províncias vizinhas, levando Pequim a enviar milhares de soldados a uma ampla área do Oeste da China onde vivem mais da metade dos 5,4 milhões de tibetanos.
A mobilização em massa está ajudando as autoridades a retomarem o controle depois das demonstrações ocorridas nas províncias de Sichuan, Qinghai e Gansu, inspiradas pelos monges na capital tibetana na semana passada. Os residentes de Lhasa disseram nesta sexta-feira que a política ainda patrulha as ruas, mas que as pessoas foram liberadas a irem aonde quisessem desde que apresentassem suas carteiras de identidade.