China detém artista antes de aniversário de protestos

O artista australiano nascido na China Guo Jian, que participou das manifestações pró-democracia na China em 1989, foi detido por autoridades chineses pouco depois de seu perfil ser publicado pelo jornal Financial Times em comemoração ao 25º aniversário da repressão militar contra o protesto de estudantes na Praça da Paz Celestial (Tiananmen).

Um repórter da Associated Press conversava com o artista quando ele foi levado de sua casa, num subúrbio de Pequim, na noite de sábado. Guo disse que permanecerá detido pela polícia até 15 de junho.

Trata-se do mais recente caso de detenção de artistas, advogados, estudiosos e jornalistas antes do aniversário do evento. As ações acontecem em meio aos intensos esforços do governo para conter a cobertura da mídia estrangeira a respeito do fato.

Após um breve período como soldado, Guo estudava arte em Pequim quando foi arrastado para os protestos estudantis de 1989 e testemunhou a repressão militar que começou na noite de 3 de junho daquele ano.

“Eu não pude acreditar, mesmo tendo sido um soldado”, disse Guo de acordo com o texto publicado pelo Financial Times na semana passada. “No Exército eu nunca havia visto aquele tipo de violência.”

As questões envolvendo os protestos e a repressão militar são tabu na China. As autoridades costumam endurecer a segurança antes da data do aniversário dos protestos a cada ano, mas agora as ações têm sido mais intensas. A polícia tem detido ativistas que, em anos passados, receberam apenas avisos.

Desde o início de maio, as autoridades detiveram ou colocaram em prisão domiciliar dezenas de pessoas, dentre elas o importante advogado de direitos humanos Pu Zhiqiang, numa tentativa de evitar qualquer tipo de comemoração. Outros ativistas foram advertidos pelas autoridades a não falar com meios de comunicação estrangeiros.

A polícia também advertiu jornalistas estrangeiros a não realizarem coberturas a respeito de assuntos sensíveis ligados aos protestos, caso contrário enfrentariam “sérias consequências”. Fonte: Associated Press.

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