A China criticou nesta segunda-feira (8) o presidente francês, Nicolas Sarkozy, pelo seu encontro com o dalai-lama um dia depois de convocar o embaixador francês, Herve Ladsous, para queixar-se. Sarkozy teve um encontro privado no sábado (6) com o dalai-lama em Gdansk, na Polônia, durante as celebrações do 25º aniversário do Prêmio Nobel para o ex-presidente polonês Lech Walesa. Como forma de protesto, Pequim cancelou um encontro com União Européia neste mês.
O jornal escrito em inglês China Daily, controlado pelo Partido Comunista chinês, afirmou em editorial que “as conseqüências” do encontro devem ser unicamente atribuídas ao “arrogante presidente francês”. Para o diário, a reunião “põe em dúvida todos seus (de Sarkozy) esforços para reparar os laços e também sua credibilidade pessoal”. O China Daily disse ainda que os consumidores chineses poderiam passar a rejeitar os produtos franceses, ou deixar de visitar o país europeu.
A China rotineiramente se opõe aos encontros entre líderes estrangeiros e o líder tibetano exilado. Porém, a linguagem dura e a reclamação oficial ocorre em um momento em que a China endurece com a região do Tibete e amplia os esforços para isolar o dalai-lama internacionalmente.
Prêmio Nobel da Paz em 1989, o dalai-lama se encontrou com outros líderes nos últimos meses, entre eles o norte-americano George W. Bush e o britânico Gordon Brown, além da chanceler alemã, Angela Merkel. Essas reuniões geraram diferentes graus de protestos e retaliações políticas de Pequim. A retaliação econômica é uma das armas mais poderosas à disposição dos chineses. A decisão de Pequim de adiar o encontro com a UE frustrou os empresários europeus.
A China considera o Tibete uma parte de seu território há mais de sete séculos e afirma que o dalai-lama é um separatista. Muitos tibetanos defendem que o país foi na prática independente a maior parte do tempo.
O dalai-lama vive no exílio em Dharmsala, na Índia, desde que fugiu do Tibete após um fracassado levante contra o domínio chinês, em 1959. Ele segue sendo reverenciado pelos tibetanos, apesar dos ataques de Pequim.
