Pequim deslocou batalhões adicionais de polícia para as ruas e deteve críticos ao governo chinês nesta terça-feira, como parte de uma operação de segurança na véspera do aniversário de 25 anos dos protestos na praça da Paz Celestial, na capital chinesa.

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A polícia levantou postos de controle perto do local e tropas paramilitares e outras autoridades passaram a patrulhar os pedestres na região.

O aumento da segurança ocorre em meio ao acúmulo de restrições sobre ativistas políticos, artistas, advogados e outros críticos do governo. Dezenas foram detidos, forçado a sair de Pequim ou confinados em suas casas em outras partes do país.

O artista e ex-ativista Guo Jian foi levado pelas autoridades na noite de domingo, pouco após a publicação de uma reportagem sobre seu histórico no jornal Financial Times. O texto tratava da comemoração do aniversário do massacre. Cidadão australiano, Guo disse a um repórter da Associated Press que ele deve ficar detido até 15 de junho.

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Um escritor e diretor do Independent Chinese PEN Center, que escreve sob o nome Ye Du, também foi levado de sua casa na cidade de Guangzhou para participar de uma “viagem de turismo” forçada, de acordo com sua esposa, Wan Haitao. Essas viagens obrigatórias são um método comum de manter críticos do governo sob vigilância por 24 horas, sem a necessidade de iniciar um processo judicial.

Em um aparente sinal de nervosismo do governo, as conexões com a Internet mundial parecem ter sido interrompidas. Entre as principais restrições, o serviço de e-mail do Google estava inacessível. A China já bloqueia plataformas de mídia sociais populares no exterior, como Twitter e YouTube, e censura fortemente sites chineses com conteúdo politicamente sensível.

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A China não permite discussões públicas sobre os acontecimentos em 3 e 4 junho de 1989, quando soldados acompanhados por tanques e veículos blindados abriram caminho para o coração da cidade, matando centenas de manifestantes desarmados. O governo nunca emitiu um número completo de vítimas.

O veredicto oficial de Pequim é que os protestos liderados por estudantes tinham como objetivo derrubar o Partido Comunista e levar a China para o caos. Líderes do protesto disseram que estavam apenas procurando mais democracia e liberdade, junto com o fim da corrupção e favorecimento dentro do partido.

Questionado sobre a repressão em uma entrevista coletiva regular, o porta-voz do ministério das Relações Exteriores, Hong Lei, não se referiu diretamente à praça da Paz Celestial ou à operação militar. “Em relação ao incidente político que aconteceu no final da década de 1980 na China, assim como questões relacionadas a isso, o governo chinês chegou a uma conclusão há muito tempo”, disse Hong. A autoridade também negou casos de perseguição política. “Na China, existem apenas os infratores da lei. Os chamados dissidentes, como você mencionou, não existem”.

Autoridades endurecem regularmente a segurança antes de 4 de junho, mas a operação deste ano é notavelmente maior do que no passado. Ativistas que, anteriormente, não recebiam mais do que uma advertência foram levados sob custódia e a polícia disse aos jornalistas estrangeiros que enfrentariam sérias consequências – não especificadas – se cobrissem questões sensíveis antes do aniversário do incidente. Fonte: Associated Press.