A China parece retomar algumas restrições a jornalistas estrangeiros que haviam sido retiradas na preparação para os Jogos Olímpicos de Pequim, em 2008, informou o jornal The Wall Street Journal. O governo tenta agora conter as convocações de ativistas pela internet para iniciar uma “Revolução Jasmim” no país, com protestos semanais em várias cidades chinesas. O nome “Revolução Jasmim” se refere aos protestos na Tunísia que culminaram com a queda do presidente em janeiro.
Dezenas de correspondentes estrangeiros receberam ordens de policiais chineses nos últimos dias para que obtenham uma permissão especial, ou mesmo foram proibidos de trabalhar em áreas de Xangai e Pequim onde ativistas haviam convocado discretas manifestações.
Uma porta-voz do Ministério das Relações Exteriores chinês, Jiang Yu, disse hoje que as regulações em torno de repórteres estrangeiros não haviam mudado. Mas também notou que os repórteres estrangeiros devem seguir as leis locais e que os governos locais podem implementar “detalhes de operação específicos” para garantir um “ambiente de entrevistas desimpedido”.
A polícia em Xangai convocou um repórter do Wall Street Journal para um encontro hoje e disse a ele que o governo do distrito de Huangpu decidiu que a área da Praça do Povo, perto de um cinema, não poderia ser coberta por correspondentes. A área é uma das designadas para os protestos pelos ativistas na internet. “De agora em diante, não vá a esses lugares para fazer reportagens”, disse um policial.
A polícia prendeu vários repórteres estrangeiros em Pequim no domingo, incluindo um da televisão da Bloomberg que foi agredido por cinco policiais à paisana. “Esta é a pior agressão contra a imprensa estrangeira que nós vimos desde os Jogos Olímpicos de 2008”, afirmou Bob Dietz, coordenador para a Ásia do Comitê para Proteção de Jornalistas, em comunicado.
Segundo a chancelaria chinesa, ainda vigora a regra segundo a qual jornalistas podem entrevistar qualquer um que consinta com esse contato. O embaixador dos EUA na China, Jon Huntsman, divulgou comunicado ontem afirmando que havia se encontrado com vários repórteres estrangeiros detidos ilegalmente no domingo.
Enquanto isso, ativistas anônimos divulgam apelos em sites como o Twitter e outros do exterior. Um deles convoca protestos para 35 cidades todos os domingos. Outro pede que as pessoas não trabalhem nem frequentem as escolas às sextas-feiras. A convocação para os protestos pede apenas que as pessoas fiquem paradas nas áreas sem se manifestar, apenas marcando uma posição por mais democracia no país. É difícil verificar a adesão, pois os locais designados geralmente estão lotados aos domingos.
Os serviços de segurança da China reforçaram sua presença nos locais. Outra consequência é que as convocações de protestos podem afetar alguns sites da internet, especialmente os de mensagens breves como o Twitter, usados para discussões politicamente sensíveis no país comunista de partido único. Ontem, o portal Sina.com, que contém um dos mais populares serviços de mensagens breves, divulgou um comunicado em seu site advertindo os usuários para que não realizem nenhuma atividade ilegal. As informações são da Dow Jones.