"A facção Dalai é um esquema para tornar os Jogos Olímpicos de Pequim reféns para forçar o governo chinês a fazer concessões para a independência do Tibet", disse o Diário do Povo, o principal porta-voz do Partido Comunista da China.
O Dalai Lama, que prega a não violência e nega estar por trás dos levantes de 14 de março em Lhasa, novamente defendeu neste domingo (23) que apóia o fato da China ser a sede desta edição dos Jogos Olímpicos. "Eu quero dizer que os Jogos… Tendo lugar em Pequim… De forma que mais de 1 bilhão de seres humanos, quero dizer chineses, vão se sentir orgulhosos", disse o Dalai Lama à margem de uma sessão de orações budistas em Nova Délhi, na Índia, onde vive no exílio.
Também neste domingo (23), a China elevou o total de mortos em seis, para 22, com a agência de notícias oficial Xhinhua reportando no sábado (22) que os restos carbonizados de um menino de oito meses e quatro adultos foram retirados de uma garagem que pegou fogo em Lhasa no domingo passado – dois dias depois da cidade ter sido tomada por protestos anti-chineses. O governo no exílio do Dalai Lama diz que 99 tibetanos foram assassinados, 80 em Lhasa e 19 na província de Gansu.
Apesar das restrições da mídia impostas pelo governo chinês, algumas informações foram vazadas sobre os movimentos das tropas chinesas. Um turista norte-americano que viajou para Chengdu, capital da provincial de Sichuan, disse que viu soldados ou tropas paramilitares em Degen, no noroeste da província de Yunnan, que faz fronteira com o Tibet. Não foram reportados protestos em Yunnan. Nnan.
A agência de notícias Xinhua emitiu diversos informes neste domingo (23) dizendo que além da província de Gansu, a vida está voltando ao normal em outras áreas onde ocorreram protestos. Segundo a agência, "mais da metade das lojas das principais ruas estavam reabrindo as portas para os negócios" em Aba, centro do município de Aba no norte de Sichuan. O chefe local do Partido Comunista, Kang Qingwei, foi citado dizendo que as repartições públicas e principais empresas estão "funcionando normalmente" e que as escolas seriam reabertas na segunda-feira (24).
Segundo a agência Xinhua, em Aba a polícia baleou e feriu quatro manifestantes em uma ação de autodefesa. Esta foi a primeira vez que o governo reconheceu ter atirado em qualquer manifestante. Não há meios de confirmar de forma independentes os despachos da agência de notícias oficial chinesa.