O governo chinês concordou nesta sexta-feira (25) em se encontrar com um representante do líder tibetano no exílio, o dalai-lama. O anúncio ocorreu após semanas de pedidos dos líderes internacionais por diálogo, em face dos protestos no Tibete contra Pequim.
"Tendo em vista os pedidos feitos várias vezes pelo grupo do dalai para a retomada das conversas, o departamento correspondente do governo central terá contatos e consultas com o representante pessoal do dalai nos próximos dias", informou a agência de notícias oficial Nova China, citando um funcionário não identificado. A agência não forneceu detalhes sobre o dia ou o local das conversas ou quem seriam os envolvidos.
Os manifestantes que iniciaram violentos protestos na capital da província, Lhasa, geraram uma onda de críticas ao regime comunista e ameaçaram ofuscar a Olimpíada de Pequim. Vários protestos têm ocorrido durante a passagem da tocha olímpica em diferentes países. Além disso, líderes como o presidente francês Nicolas Sarkozy, ameaçaram não ir à cerimônia de abertura por causa da situação.
O primeiro-ministro do governo tibetano no exílio, sediado na Índia, disse não ter recebido nenhuma confirmação oficial da China sobre a possível negociação. "O dalai-lama está sempre aberto a dialogar, mas as atuais circunstâncias no Tibete não parecem ser uma plataforma apropriada para um diálogo produtivo" disse Samdhong Rimpoche. "Mas deixe a confirmação oficial dos chineses chegar. Nós daremos nossa resposta", completou.
O presidente francês, Nicolas Sarkozy, qualificou como "grande passo" a proposta chinesa. Segundo comunicado divulgado por Paris, Sarkozy acredita que a medida traz "esperança real" de solução para o conflito. Os protestos do último mês no Tibete foram os mais generalizados e graves contra o domínio de Pequim em décadas.
Os manifestantes acusavam o governo central de não respeitar a cultura budista e de favorecer os membros da etnia Han – majoritária na China – que se mudaram para a província a partir da ocupação da área por tropas comunistas, em 1951. Pequim afirma que 22 pessoas morreram nos confrontos na capital Lhasa. Já o governo tibetano no exílio e ativistas pró-Tibete citam mais de 140 mortos, durante as manifestações e na repressão que se seguiu.