O presidente da Venezuela, Hugo Chávez, voltou a acusar ontem os órgãos de inteligência dos Estados Unidos de estarem por trás de um plano para matá-lo. Ele advertiu que não se refere ao presidente norte-americano, Barack Obama, mas aos organismos de inteligência do país. Chávez disse que poderia ter sido alvo de um ataque antes ou depois da posse do presidente de El Salvador, Mauricio Funes, e por isso desistiu de participar da cerimônia, na segunda-feira. “Não tenho dúvidas de que estão por trás disso os organismos de inteligência dos Estados Unidos”, afirmou.

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Chávez já havia acusado outras vezes o governo norte-americano de planejar derrubá-lo, matá-lo e até invadir a Venezuela – o que foi sempre negado pelo Departamento de Estado. Em relação à declaração de ontem, a embaixada norte-americana em Caracas ainda não se manifestou. Quem também participa do plano para matá-lo, segundo Chávez, é o dissidente cubano Luis Posada Carriles, preso em Miami em 2005, acusado de fraudar documentos. Posada Carriles acabou liberado em 2007 e, desde então, vive com sua família na Flórida. O líder venezuelano disse que os serviços de inteligência da Venezuela tinham “informação muito precisa” sobre os planos para lançar um ou mais foguetes no avião da Cubana de Aviação, com o qual Chávez pretendia viajar a San Salvador, capital de El Salvador.

A Venezuela solicitou, no início de 2005, a extradição de Posada Carriles para processá-lo por homicídio e traição à pátria. De nacionalidade venezuelana, ele é acusado de planejar o atentado a um avião da Cubana de Aviação, no qual morreram 73 pessoas, em 1976, perto de Barbados, no Caribe. Posada Carriles está foragido desde 1985, quando deixou a prisão em circunstâncias ainda não esclarecidas. Chávez voltou a pedir a deportação de Carriles. “Onde está a justiça?”, questionou. “Exijo que o presidente Obama cumpra a lei. Mande-nos esse assassino”, afirmou.

Obama

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As acusações de Chávez de que os norte-americanos teriam planos de matá-lo são as primeiras desde o encontro amigável dele com o presidente Barack Obama, em abril, na Cúpula das Américas, em Trinidad e Tobago. Na ocasião, Chávez até presenteou Obama com um livro. “Eu não estou acusando Obama. Acredito que Obama tem boas intenções, mas além de Obama tem um império, a CIA (agência central de inteligência norte-americana) e todos seus tentáculos: terroristas e paramilitares”, afirmou Chávez.