Chávez rouba cena em reunião de cúpula do Mercosul

A 38ª Reunião de Cúpula do Mercosul foi o centro de uma discussão entre o presidente da Venezuela, Hugo Chávez, e o vice-presidente da Colômbia, Francisco Santos Calderón, sobre o uso de bases colombianas por tropas norte-americanas. As acusações de Chávez contra os EUA e a Colômbia acabaram tomando a atenção no fechamento da cúpula semestral.

“O imperialismo de Obama colocou sete bases militares na Colômbia. É um plano de guerra contra toda a América Latina, é um plano de guerra dos EUA”, disse Chávez ao falar durante a reunião semestral dos presidentes do Mercosul e dos países associados, na capital do Uruguai. “A Colômbia, um governo que está representado aqui, abriu a porta para os militares americanos”, acrescentou Chávez.

O vice-presidente colombiano sustentou que “nosso problema é interno, é o terrorismo e o narcotráfico. Nós vamos continuar a trabalhar para liberar o continente destas duas pragas”, afirmou. Calderón advertiu que o acordo com o governo Obama “jamais será usado para realizar qualquer tipo de ação militar contra outro país do continente”.

“Nosso carinho pelo povo da Venezuela nos obriga a trabalhar desta maneira: temos que atuar como bombeiros e não botar gasolina no fogo. Acreditamos que esse incidente nós poderemos superar mas sobre a base do respeito recíproco”, completou Calderón.

Honduras

A declaração final da cúpula incluiu uma condenação ao golpe de Estado em Honduras, que em 28 de junho afastou do poder o presidente José Manuel Zelaya.

Os presidentes dos países integrantes do Mercosul, Brasil, Argentina, Uruguai, Paraguai e Venezuela, fizeram um comunicado categórico no qual não reconhecem as eleições presidenciais de Honduras.

Chávez ainda questionou que o presidente da Colômbia, Álvaro Uribe, e seu colega peruano, Alan García, tenham reconhecido o governo eleito de Honduras, comandado por Porfírio Lobo, que venceu as eleições.

Na declaração final, lida pelo presidente do Uruguai, Tabaré Vázquez, o Mercosul reafirma que os mandatários dos cinco países “reiteram sua mais enérgica condenação ao golpe de Estado na República de Honduras e consideram inaceitáveis as graves violações aos direitos humanos e liberdades fundamentais do povo hondurenho”.

O presidente do Paraguai, Fernando Lugo, expressou o mal-estar provocado pela situação em Honduras, ao dizer que “foi aberto um precedente político perigosíssimo no hemisfério, agora querem nos apresentar golpes de Estado como uma via apta para organizar processos eleitorais”.

Economia

Os temas econômicos ficaram em segundo plano e foram abordados apenas pelo presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, e pela presidente da Argentina, Cristina Kirchner.

Lula disse que o Mercosul precisa “eliminar a dupla cobrança das tarifas, atacar de frente as assimetrias, acelerar o fundo de apoio às pequenas e médias empresas e estabelecer um sistema de pagamentos em moedas locais”. Argentina e Brasil já colocaram em uso um sistema de pagamentos com moedas locais.

Cristina Kirchner disse que o bloco precisa “pagar uma dívida que tem há vários anos, que é chegar a um acordo com a União Europeia”. Segundo ela, fechar acordo com o bloco europeu será um desafio.