Brasília – Ao encerrar ontem (30) a campanha a favor da reforma da Constituição venezuelana, o presidente Hugo Chávez voltou a criticar o imperialismo norte-americano e o setor que denomina como a ?oligarquia criola? de seu país. Exaltado, mas reafirmando a todo instante acreditar na vitória dos que concordam com as mudanças em 69 artigos constitucionais, Chávez criticou os Estados Unidos, seus opositores, as emissoras de tevê e até a Espanha.

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Acostumados aos arroubos de Chávez, alguns simpatizantes que compareceram ao encerramento da campanha pelo sim à reforma, na região central de Caracas, disseram não levar a sério todas as ameaças e acusações.

?Soube que a [emissora de tevê] GloboVision planeja divulgar, a partir do meio-dia de domingo, os resultados preliminares da votação?, disse o presidente venezuelano. ?Dizem que tem de informar a opinião pública. Se o fizerem, contrariando a lei, serão tirados do ar imediatamente. Estou advertindo-os, não só a GloboVision, mas a qualquer meio de comunicação que contrariar a lei?.

Criticando uma suposta imparcialidade de veículos de comunicação estrangeiros, principalmente da CNN (rede de televisão norte-americana), Chávez pediu aos jornalistas que divulgassem suas palavras sem meio-termos.

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?Divulguem para que depois não haja surpresa. Se o império norte-americano e a oligarquia venezuelana não reconhecerem a vitória do sim e tentarem desestabilizar a Venezuela, se o governo americano, por meio da CIA, lançar qualquer operação nesse sentido, não haverá uma só gota de petróleo para os Estados Unidos.?

O presidente determinou que o ministro de Minas e Energia revise os contratos já assinados com os Estados Unidos e as datas futuras para entrega do produto. ?Se ganha o sim e os ‘pityankes’ [segundo Cháves, membros da elite a serviço dos interesses norte-americanos] desencadearem a violência alegando que fraudei a votação, no mesmo dia determinaremos o embargo aos Estados Unidos, deixando de lhes enviar petróleo.?

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Em meio a aplausos, Chávez ainda determinou ao ministério da Defesa a elaboração de um plano de proteção aos campos petrolíferos e às refinarias venezuelanas. De imediato, estabeleceu que, em nome da segurança nacional, o Exército ocupasse essas instalações, protegendo-as desde a noite de ontem (30).

Chávez também ameaçou nacionalizar bancos comprados por grupos espanhóis caso o rei Juan Carlos não peça desculpas pelo episódio ocorrido durante a Cúpula Íbero-Americana, quando o presidente venezuelano ouviu um ?Por que não te calas?? do rei.

?Soube que os espanhóis têm dito para virarmos a página e esquecermos, mas se o rei não pedir desculpas, terei de repensar a relação com a Espanha. Não me custa nada tomar alguns dos bancos adquiridos por eles e nacionalizá-los, colocando-os à serviço do povo.?

Garantindo que há pesquisas demonstrando a vantagem do bloco do sim, a favor da reforma, Chávez disse estar certo de que permanecerá no cargo, segundo ele, de acordo com a vontade da população.

?Faço o que o povo me diz. Se me mandarem limpar cocô na Avenida Bolívar [onde ocorreu a concentração] por 20 anos, eu o farei. Agora, se me dizem que eu ficarei no governo até 2050, eu permanecerei. Só reconheço a vontade do meu povo como soberana?.