Ao reconhecer a derrota no referendo de domingo sobre a reforma constitucional, o presidente da Venezuela, Hugo Chávez, afirmou que não desistiria de introduzir as mudanças para a consolidação do seu ?socialismo bolivariano?. Chávez ainda não explicou como o fará. Mas só lhe resta uma opção dentro do âmbito legal, de acordo com constitucionalistas ouvidos pelo jornal O Estado de S. Paulo: convocar uma Assembléia Constituinte.
O que Chávez pretende de fato fazer permanece incerto. ?O presidente é o único que pode falar sobre a estratégia que vai seguir de agora em diante, e ele não vai fazer isso no curto prazo?, disse um assessor de Chávez.
Na madrugada de segunda-feira, Chávez fez uma referência emblemática, durante o discurso em que aceitou a derrota. ?Vou lembrar uma frase minha: ?Por agora não pudemos??, disse o presidente, numa alusão à sua declaração de 4 de fevereiro de 1992, quando, em cadeia de rádio e TV, anunciou aos seus camaradas militares e à nação o fracasso do golpe militar por ele liderado.
?Não ouvi falar disso (Assembléia Constituinte)?, disse José Vicente Rangel, que foi vice-presidente entre abril de 2002 e janeiro deste ano e continua sendo um dos principais conselheiros de Chávez. ?Não sei qual o plano do presidente, mas não creio que ele vá seguir esse caminho. É preciso deixar de cansar o povo com tantas eleições.
O general Raúl Baduel, ex-ministro da Defesa, antecipou-se na segunda-feira e propôs a convocação de uma Constituinte. ?Há um setor que quer mudar a Constituição e não podemos desconhecê-lo? afirmou o general. ?Para diminuir a polarização causada por essa proposta (de reforma), um poder constituinte poderia criar um pacto de consenso máximo?, acrescentou. Baduel rompeu com Hugo Chávez por considerar a reforma via referendo um ?golpe constitucional?, e disse que defende um ?socialismo democrático?.
