A Assembleia Nacional da Venezuela aprovou por unanimidade, no início da tarde de hoje, uma autorização para que o presidente Hugo Chávez se ausente do país para tratar um câncer em Cuba. Pouco depois, em um pronunciamento em rede de rádio e televisão, Chávez anunciou aos venezuelanos que havia delegado parte de seus poderes ao vice-presidente Elias Jaua e ao ministro do Planejamento Jorge Gioridani.
Ao delegar os poderes, Chávez esclareceu que a atitude não significa nenhuma espécie de renúncia às suas funções como presidente e qualificou a decisão como parte de uma “reflexão profunda”. Parte de seus comentários parecia dirigida a líderes de oposição que exigiam mais clareza sobre o manejo dos assuntos de Estado na ausência de Chávez.
“Farei como manda a Constituição. Delegarei algumas das decisões que eram minhas até agora para o vice-presidente Elias Jaua e Jorge Giordani”, disse Chávez em reunião do conselho de ministros, transmitida por rádio e TV. “Não entregarei o governo, como querem alguns setores da oposição. Acreditem, seria o primeiro a fazê-lo, caso não tivesse a capacidade de exercer as funções de Estado. Não foi o caso nem nos piores períodos do meu pós-operatório.”
Esta é a primeira vez desde que chegou à presidência venezuelana, em 1999, que Chávez abre mão de algumas de suas atribuições. Jaua e Giordani poderão executar dez funções administrativas que antes cabiam ao presidente. O vice-presidente poderá expropriar empresas, nomear membros do segundo escalão ministerial e de agências do governo, e alterar o orçamento de pastas do gabinete. Já o ministro cuidará de questões orçamentárias e fiscais.
O presidente da Venezuela pretendia embarcar ainda na tarde deste sábado para Cuba para dar continuidade do tratamento de um câncer na região pélvica. Chávez, que regressou de Havana a Caracas em 4 de julho depois de quase um mês de ausência, aguardava apenas a votação da “autorização legislativa” pela Assembleia Nacional para poder embarcar com destino a Havana.
A votação ocorreu no início da tarde de hoje e contou com um raro alinhamento entre situação e oposição ma Venezuela nesses últimos anos. Todos os parlamentares venezuelanos presentes votaram hoje a favor da autorização solicitada por Chávez na noite de ontem para que se ausente do país por tempo indeterminado para tratar de assunto pessoal, conforme exige a Constituição do país.
“Eu vou começar o que chamamos de segunda fase deste processo de recuperação. Tenho fé em Deus e em todo o povo que vela por mim”, afirmou o presidente venezuelano em nota divulgada na noite de ontem.
Médicos cubanos extraíram um tumor maligno da pelve de Chávez em 20 de junho. Agora, o presidente venezuelano de 56 anos de idade será submetido a quimioterapia.
Na manhã da quinta-feira, Chávez teria aceitado um convite da presidente do Brasil, Dilma Rousseff, para tratar o câncer em um hospital de São Paulo. O governo venezuelano não deu explicação oficial para a mudança nos planos. As informações são da Associated Press.