Chávez defende causa palestina e troca farpas com Israel

O líder palestino Mahmoud Abbas fez sua primeira visita à Venezuela, hoje, após passar por Brasil, Argentina e Chile. A visita faz parte de uma viagem ampla à América Latina, com o objetivo de obter apoio para um Estado da Palestina. O presidente da Venezuela, Hugo Chávez, um dos mais vociferantes defensores dos palestinos, denunciou Israel como “um braço assassino do império ianque” durante a visita do presidente do Irã, Mahmoud Ahmadinejad, à Venezuela.

Outros líderes latino-americanos também apoiaram as demandas de Abbas, de que Israel pare de expandir assentamentos em territórios que os palestinos reivindicam, antes que as negociações de paz sejam retomadas.

Com as visitas seguidas de Ahmadinejad e de Abbas, Chávez gastou esta semana construindo mais laços com o Oriente Médio do que com seus colegas sul-americanos. Ele não foi a uma cúpula de países amazônicos no Brasil e disse que não tinha tempo para comparecer ao encontro.

Abbas participou de uma cerimônia que colocou flores no túmulo do herói da independência de vários países sul-americanos, Simón Bolívar (1783-1830), em Caracas, e depois planejava fazer um discurso na Assembleia Nacional da Venezuela, antes de se reunir com Chávez.

Venezuela e Israel

As visitas de Ahmadinejad e Abbas coincidiram com uma tempestade verbal entre Chávez e o presidente de Israel Shimon Peres, que visitou outros países da América do Sul na semana passada. Peres fez uma previsão na semana passada na Argentina, a de que os povos da Venezuela e do Irã em breve se livrarão dos seus líderes: “Eles não se sustentarão, não porque um de nós irá matá-los, mas porque os próprios povos deles estão ficando cansados”.

Chávez interpretou as declarações de Peres como uma ameaça. “O presidente de Israel vem aqui para a América do Sul e ele imediatamente abre fogo contra nós e contra mim, dizendo que eu vou desaparecer em breve”, disse Chávez na quarta-feira. “Bem, vamos ver quem desaparece primeiro”, afirmou.

A porta-voz de Peres, Ayelet Frisch, negou que o presidente de Israel tenha ameaçado qualquer um, dizendo que Peres quis dizer que Chávez e Ahmadinejad não dão nenhuma esperança a seus povos, e que por isso os iranianos e venezuelanos os substituirão por meios democráticos.

Chávez tem se aproximado do Irã, Síria e dos palestinos, à medida que cresce a hostilidade do venezuelano a Israel. Ele rompeu laços diplomáticos com Israel em janeiro em protesto à ofensiva militar de Israel contra a Faixa de Gaza. Em abril, funcionários palestinos abriram uma missão na Venezuela para servir como um canal diplomático na América do Sul.

Chávez repetidas vezes chamou Israel de governo “genocida”, embora ao mesmo tempo tenha dito aos judeus que vivem na Venezuela que deseja ter uma boa relação com eles. Um grupo líder da comunidade judaica, a Confederação Venezuelana das Associações Israelitas, criticou a calorosa recepção que o governo deu a Ahmadinejad nesta semana.

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