Chávez critica comunistas e se reunirá nesta sexta com Uribe

O presidente da Venezuela, Hugo Chávez, criticou o Partido Comunista da Venezuela, um aliado do seu governo, por ter convocado uma marcha de protesto contra a visita do seu colega colombiano Alvaro Uribe ao país, e afirmou nesta quinta-feira (10) que a Colômbia é uma pátria irmã, com a qual a Venezuela precisa se entender. Após vários meses de uma relação estremecida, Chávez e Uribe se encontrarão no estado venezuelano de Falcón na sexta-feira. O encontro deverá durar apenas três horas, mas será importante para o restabelecimento das relações entre os dois países.

Nos últimos meses, os dois líderes trocaram insultos e diatribes que levaram as relações entre Venezuela e Colômbia ao seu nível mais baixo em décadas.

Não se espera que os dois presidentes assinem algum acordo comercial concreto, mas sim que a reunião seja um ato político que reduza as tensões na área de fronteira entre os dois países. A reunião poderá significar a retomada das comissões binacionais, que tratam de temas comuns na fronteira de 2.219 quilômetros, como o combate à criminalidade, e os projetos para construção de um gasoduto e uma ferrovia ligando as regiões norte dos dois países.

O momento mais crítico das relações entre Venezuela e Colômbia ocorreu logo após 1º de março, quando o Exército da Colômbia atacou um acampamento da guerrilha das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc) no Equador. A Venezuela solidarizou-se ao Equador e Chávez enviou dez batalhões à fronteira com a Colômbia, expulsou o embaixador colombiano em Caracas, fechou a Embaixada da Venezuela em Bogotá e restringiu o comércio na fronteira. O impasse só foi superado graças à mediação de outros países da América Latina, entre eles o Brasil, em 7 de março, durante a cúpula regional na República Dominicana.

"Neste momento, o interesse é baixar o nível de confrontação e intensificar as relações nos temas de convergência, principalmente na economia," disse à AP o ex-diplomata venezuelano Sadio Garavini.

O chanceler da Venezuela, Nicolás Maduro, anunciou quarta-feira (9) que o país usará a reunião de amanhã para restabelecer um diálogo "respeitoso" e "construtivo" com o governo da Colômbia.

"Acima de tudo, deve prevalecer um diálogo que nos conduza a uma agenda de paz," disse Maduro.

O chanceler adiantou que no encontro bilateral, que acontecerá no complexo petrolífero de Paraguaná, no estado de Falcón, serão abordados "temas vitais" como a "cooperação fronteiriça, energética, econômica e comercial".

Adolfo Tayhardat, ex-vice chanceler da Venezuela, disse que para Uribe também é vital retomar as relações com a Venezuela, por causa da economia. "Para a Colômbia, as relações com a Venezuela são um grande negócio".

Segundo ele, ao contrário do último encontro entre os dois mandatários em 2007, desta vez Uribe é quem está em uma posição de força e vantagem, porque conta com apoio internacional e uma enorme popularidade interna, após o resgate da ex-senadora franco-colombiana Ingrid Betancourt e outros 14 reféns das Farc, em 2 de julho.

Segundo ele, quem está em posição de fraqueza hoje é Chávez, por causa das tensões geradas pelas disputas dentro do seu próprio partido e as pressões para as eleições regionais de novembro na Venezuela.

"Uribe está fortalecido no cenário internacional e talvez dê um puxão de orelhas em Chávez," disse Rafael Nieto, ex-vice ministro colombiano da Justiça, ao comentar a postura ambígua de Chávez frente às Farc.

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