O presidente da Venezuela, Hugo Chávez, condenou ontem a declaração do secretário-geral da Organização dos Estados Americanos (OEA), José Miguel Insulza, contra um alto funcionário venezuelano. Em cadeia de rádio e televisão, Chávez disse que Insulza se comportou de modo “lastimável”. Insulza qualificou como “inaceitáveis” as afirmações realizadas pelo major-general Henry Rangel Silva, chefe do comando estratégico operacional das Forças Armadas, a favor do projeto político do líder venezuelano.
Chávez disse que Insulza, pelo cargo que ocupa, “não deveria ser tão ligeiro e tão irresponsável e deixar-se manipular”. O presidente qualificou Insulza como um “irresponsável, indigno” e pediu que ele primeiro se informasse para fazer declarações. O líder venezuelano afirmou que a OEA “terá de ir desaparecendo porque aí não se toma nenhuma decisão. É um organismo mesmo impotente para enfrentar qualquer tipo de problema”.
O presidente defendeu Rangel Silva e afirmou que o militar fez uma “análise” e anunciou que no próximo fim de semana o promoverá para general em chefe. A chancelaria venezuelana também criticou a declaração de Insulza, qualificando-a como “uma intromissão inaceitável”.
Insulza condenou, em entrevista publicada ontem no jornal Miami Herald, as declarações de Rangel Silva, dizendo que os comentários do oficial eram “inaceitáveis”. “Em geral, não opino sobre coisas que dizem altos funcionários, mas nesse caso faço uma exceção porque é muito grave que um comandante do Exército ameace com uma insubordinação. A priori, me parece inaceitável”, afirmou o secretário-geral da OEA.
No início da semana, Rangel Silva disse a um jornal local que “as Forças Armadas nacionais não têm lealdade pela metade, mas sim completa com o povo, um projeto de vida e um comandante em chefe. Nos casamos com esse projeto de país”. Os comentários causaram fortes críticas de grupos oposicionistas, segundo os quais a declaração de parcialidade política do militar a favor de Chávez viola a Constituição. Os oposicionistas pediram uma investigação do caso.
O Departamento do Tesouro dos Estados Unidos acusou há dois anos Rangel Silva, junto com Hugo Carvajal Barrios, diretor da Direção Geral de Inteligência Militar, e Ramón Rodríguez Chacín, que foi ministro de Interior até setembro de 2008, de apoiar as atividades de narcotráfico das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc). O órgão do governo norte-americano advertiu que congelaria os bens no país desses funcionários venezuelanos. As informações são da Associated Press.