Chávez ameaça retirar Venezuela do Mercosul em três meses

Brasília – O presidente da Venezuela, Hugo Chávez, ameaçou retirar o país do Mercosul caso o país não esteja totalmente integrado ao bloco em três meses. A declaração foi feita nesta terça-feira (3) durante uma solenidade em Caracas, segundo a Agência Bolivariana de Notícias, órgão oficial de informações do governo venezuelano.

Um ano depois de ser admitida no bloco como membro pleno, a Venezuela participa dos encontros, mas não tem direito a voto. Isso só pode ocorrer depois que os legislativos de todos os integrantes plenos do bloco ratificarem a adesão do país ao Mercosul, mas até agora apenas os parlamentares da Argentina, do Uruguai e da própria Venezuela aprovaram a entrada do país.

O governo paraguaio nem enviou o termo de adesão ao parlamento. No Brasil, a tramitação do protocolo está parada há quatro meses no Congresso Nacional porque a Venezuela, segundo os parlamentares, ainda não estabeleceu um cronograma de abertura de mercado nem de adoção da tarifa externa comum.

Chávez, segundo a agência venezuelana, reagiu a declarações do chanceler brasileiro Celso Amorim. O ministro das Relações Exteriores afirmou ontem (2) que não crê na saída da Venezuela do bloco e espera que as condições de ingresso do país sejam cumpridas para que a integração se dê rapidamente.

?Nós também esperamos que se chegue a um consenso em relação à nossa adesão?, afirmou o presidente venezuelano. ?Não é possível que a Venezuela seja simplesmente uma figura sem voz nem voto nas decisões que se tomam no Mercosul; isso não é integração?, completou.

Chávez ressaltou que a intenção da Venezuela é promover mudanças na estrutura do Mercosul para reduzir as desigualdades na região e estimular a integração social entre os povos sul-americanos. ?Temos a experiência da Televisão do Sul [Telesur] e do que virá a ser o Banco do Sul, iniciativas que têm como objetivo fortalecer a união das nações e erradicar as assimetrias que nos fazem tantos danos?, declarou.

O presidente venezuelano voltou a criticar o Senado brasileiro, que, na avaliação dele, está emperrando a integração da Venezuela ao Mercosul. ?O mais provável é que as pressões que se estão exercendo desde várias instâncias, como por exemplo o Senado brasileiro, estejam esperando que mudemos nosso modelo político e econômico, o que é impossível porque foi feito um compromisso com os setores mais desprotegidos da nossa economia?, reclamou.

O Itamaraty não se manifestou sobre a possível saída da Venezuela do Mercosul e informou apenas que o chanceler Celso Amorim, em nenhum momento, exigiu que Chávez pedisse desculpas ao Congresso Nacional. De acordo com o Ministério das Relações Exteriores, nos últimos dias Amorim apenas sugeriu que o líder venezuelano fizesse um ?gesto positivo? diretamente destinado aos parlamentares brasileiros, sem especificar como isso deveria ser feito.

Grupos de WhatsApp da Tribuna
Receba Notícias no seu WhatsApp!
Receba as notícias do seu bairro e do seu time pelo WhatsApp.
Participe dos Grupos da Tribuna
Voltar ao topo