Chanceler francês confirma contato informal com Hamas

O ministro das Relações Exteriores da França, Bernard Kouchner, confirmou nesta segunda-feira (19) que seu país manteve contatos informais com o Hamas. O grupo islâmico confirmou o fato e observou que a França não era o único país europeu a se comunicar com a organização recentemente. Kouchner confirmou informações do jornal Le Figaro que publicou que um diplomata aposentado se encontrou com líderes do Hamas há um mês. O grupo é qualificado como terrorista pela União Européia (UE) e pelo Estados Unidos.

A França mantém contatos com líderes do Hamas "há vários meses", disse Kouchner. Mas ele ponderou que o país não está envolvido em negociações formais. "Essas não são relações, são contatos. Nós devemos ser capazes de falar se quisermos ter uma participação." O ministro francês fará uma visita de três dias aos territórios palestinos e a Israel esta semana.

O partido Fatah dominou a política palestina por décadas. Mas foi derrotado pelo Hamas, um grupo militante islâmico, nas eleições parlamentares de 2006. Em junho de 2007, o Hamas tomou o controle da Faixa de Gaza à força, desencadeando uma crise entre os palestinos.

Um porta-voz do Hamas na Faixa de Gaza, Sami Abu Zuhri, confirmou que o grupo teve contato com a França – e, além disso, "comunicações com muitos funcionários europeus". "Isso reflete o reconhecimento da Europa de que cometeu um erro ao boicotar o Hamas", completou Zuhri. Não foram informados os nomes dos outros países que contataram o Hamas.

Em Israel, funcionários minimizaram os contatos da França com o Hamas. Eles afirmaram ter recebido informações da França de que a política do país em relação à região não mudou.

Entrevista

Em entrevista ao Le Figaro, Yves Aubin de la Messuziere, um ex-embaixador da França no Iraque, disse que se encontrou no mês passado em Gaza com Mahmoud Zahar, homem forte do Hamas, e Ismail Haniye, o primeiro-ministro do Hamas. O Ministério das Relações Exteriores da França disse mais tarde que a viagem de Messuziere foi uma iniciativa "individual", mas que a chancelaria foi devidamente informada sobre o fato.

"Os líderes do Hamas asseguraram que estavam prontos para aceitar um Estado palestino conforme as fronteiras de 1967, o que significa um reconhecimento indireto de Israel", afirmou o diplomata aposentado.

"Eles disseram que estavam prontos para interromper os ataques suicidas e o que me surpreendeu é que os líderes islamitas reconheceram a legitimidade de Mahmoud Abbas", o moderado presidente palestino e líder do Fatah, disse Messuziere. O governo de Abbas, que controla a Cisjordânia, tem uma forte rivalidade com o Hamas, predominante em Gaza.

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