Cetáceos também aparecem no Paraná

O fato de botos e baleias não serem vistos com grande freqüência nas praias paranaenses não quer dizer que eles não se façam presentes no litoral do Estado. Periodicamente, os animais são identificados por biólogos e pesquisadores ou mesmo por turistas e moradores da região litorânea do Paraná.

O que difere os botos, também chamados de golfinhos, das baleias é a presença de dentes. Enquanto os primeiros são dotados de dentição, as baleias são desprovidas, possuindo barbatanas. Os dois animais são mamíferos e pertencem à ordem dos cetáceos.

Botos

Os botos mais comuns no litoral do Paraná são os botos-cinza (Sotalia guianensis), que vivem na região da Baía de Paranaguá. Com cerca de 1,7 metro de comprimento, eles costumam ser bastante visualizados em Guaratuba, durante a travessia de ferry-boat. Na região costeira, já foram realizados registros dos golfinhos-caldeirão ou nariz-de-cera (Tursiops tuncatus), que têm cerca de 3,5 metros de comprimento, e toninha ou franciscana (Pontoporia blainvillei).

?O boto-toninha é bem menor em tamanho do que o caldeirão e tem um comportamento na superfície mais difícil de ser identificado. Os dois animais são vistos de passagem pelo litoral paranaense. Porém, muitas vezes encalham ou ficam doentes e acabam indo parar nas praias. Os golfinhos se alimentam de peixes?, diz a bióloga Glaucia Sasaki, que pertence à organização não governamental Cananéia e junto com outras biólogas e uma oceanógrafa realiza trabalhos de pesquisa com cetáceos no Paraná.

Na maioria das vezes, os golfinhos são vistos de passagem porque estão migrando de uma região a outra para reprodução, período em que buscam águas mais quentes. Outros animais que já foram vistos passando pelo Estado são a orca, o cachalote e o jubarte. Muita gente acredita que esses animais são baleias. Porém, Glaucia explica que eles têm dentes e, por isso, são golfinhos.

?O cachalote tem cerca de 23 metros de comprimento, já tendo sido visto na região de Superagüi, que tem conexão com mar aberto. As orcas têm cerca de 18 metros e o jubarte costuma ser bem mais comum na região Nordeste do Brasil. As principais ameaças que os animais encontram no litoral paranaense são a poluição e a pesca. Como possuem pulmões, eles acabam ficando presos nas redes e, não conseguindo subir à superfície para respirar, morrem afogados.?

Baleia

A baleia-minke (Balaenoptera boanerensis) é uma das mais comumente vistas no litoral do Paraná. Ela tem o hábito de nadar com a boca aberta na superfície da água. Este comportamento pode estar associado a uma necessidade do bicho de reduzir sua temperatura corporal ou à alimentação. Elas comem o crustáceo krill, que é bastante pequeno, e peixinhos que ficam presos em suas barbatanas. Quando adultas, podem atingir vinte metros de comprimento. ?Muitas vezes as minkes aparecem mortas na areia. No último mês de julho, uma foi vista em Superagüi. Era um filhote que havia se perdido da mãe e que provavelmente estava doente?, finaliza Glaucia. 

Baleia-franca costuma aparecer

A segunda espécie de baleia mais ameaçada do planeta, a baleia-franca (Eubalena australis), também costuma dar as caras pelo litoral do Paraná. O animal, que pode atingir até dezoito metros de comprimento e pesar até sessenta toneladas, foi visto por aqui na metade do último ano. ?Foi visualizada uma baleia-franca fêmea e seu filhote. Eles estavam de passagem?, comenta a bióloga Glaucia.

Com o corpo negro e arredondado, as baleias-francas também possuem o hábito de nadar com a boca aberta na superfície da água, como se estivessem bebendo a mesma. Assim como as baleias-minke, elas comem o crustáceo krill e pequenos peixes que ficam presos em suas barbatanas.

Segundo informações divulgadas no site do Projeto Baleia- Franca – administrado pela Coalizão Internacional da Vida Silvestre e criado no ano de 1982, com o objetivo de garantir a sobrevivência e a recuperação populacional da espécie em águas brasileiras – as francas são consideradas relativamente lentas no que diz respeito a deslocamento. A estimativa é de que, durante os períodos de migração sazonal, elas atinjam velocidades entre cinco e doze quilômetros por hora.

Em relação a mergulhos, os mais demorados já realizados por representantes da espécie tiveram duração aproximada de vinte minutos. Como todo animal, elas têm uma forma própria de comunicação. ?As baleias-francas produzem sons registrados na faixa entre 50 e 5.000 Hertz e seu repertório acústico é composto por oito padrões sonoros básicos, com diferentes funções no contexto etológico da espécie, incluindo a comunicação inter-indivíduos. Embora ainda indecifrados no seu significado particular, sabe-se que diferentes sons servem a distintos eventos de interação entre os animais e entre estes e seu ambiente?, informa o site do projeto.

A gestação das baleias dura cerca de doze meses, sendo que elas procuram águas mais quentes no período de reprodução. (CV)

Animais se destacaram nas telonas do cinema

Nas últimas décadas, muitos cetáceos se tornaram famosos ao virarem estrelas de cinema, atuando como protagonistas de uma série de filmes de aventura e romance. Um dos animais mais conhecidos do público foi a orca Keiko, que ?interpretava? Willy, em Free Willy, datado de 1993. O filme conta a história da amizade da orca com um garoto de doze anos de idade. Ambos vivem separados de suas famílias e estão à procura de carinho.

Em 1996, foi lançado o filme Flipper, que contava a história do golfinho de mesmo nome e trazia o ator Elijah Wood (mais conhecido por interpretar Frodo, na série O Senhor dos Anéis) em um dos papéis principais. O roteiro fala sobre as aventuras de um garoto que vai passar o verão na Flórida e acaba por salvar a vida de um golfinho.

Muito mais antigo, de 1956, é Moby Dick, do diretor John Huston. A obra fala sobre um homem (interpretado por Gregory Peck) que tem como objetivo liquidar uma baleia- branca, conhecida como Moby Dick, que no passado lhe arrancou uma perna. (CV)

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