O partido de centro-esquerda Social Democratas conseguiu vencer com pequena diferença sobre o partido de centro-direita as eleições parlamentares da República Checa, informou o Escritório de Estatísticas do país. O Social Democratas ganhou o pleito com 22,1% dos votos, enquanto seu maior rival, o conservador Partido Cívico Democrático obteve 20,2%. As pesquisas realizadas antes da eleição previam uma vitória com margem bem maior, em torno de 30%, para o Social Democratas.
O resultado apertado indica que o Social Democratas, liderado pelo ex-primeiro ministro Jiri Paroubek, terá dificuldades para formar um novo governo. Tal situação favorece os pequenos partidos que quebraram a barreira dos 5%, necessária para conseguir representação parlamentar, como possíveis opções de coligação.
Com cerca de 99,8% dos votos apurados em cerca de 15 mil locais, o conservador TOP09 conseguiu 16,7%, seguido pelos Comunistas com 11,3%. Outro novo partido, o Assuntos Públicos, encerrou a eleição com 10,9% dos votos.
A expectativa era de que o presidente Vaclav Klaus pedisse a Paraoubek apoio para formar um novo governo, mas diante do número de votos dos partidos de centro-direita, as chances são pequenas. “Este resultado não pode ser chamado de sucesso”, disse o líder Paraoubek. “Este país está caminhando para uma coalizão de centro-direira”, acrescentou.
Espera-se que os comunistas deem algum suporte à minoria Social Democratas no governo, mas outros partidos já descartaram dar apoio ao grupo de Paraoubek, destacando o que eles chamaram de promessas populistas irresponsáveis, incluindo pagamentos extras para pensionistas e o fim das taxas por visita médica. O Social Democratas quer adotar a moeda europeia, o euro, entre 2015 e 2016, aumentar os impostos corporativos de 19% para 21% e adotar novas taxas para pessoas físicas, que pode chegar a 38% para aqueles com maior renda.
O país está sob governo provisório desde que uma coalizão de três partidos liderados pelo Partido Cívico Democrático recebeu um voto de não-confiança pelo Parlamento, em março de 2009. Fato que ocorreu apenas alguns dias antes da visita do presidente norte-americano Barack Obama à Praga e em meio ao período da presidência checa na União Europeia.
Este foi o período em que a República Checa permaneceu por mais tempo sem ter um governo eleito por voto desde que o país viveu o tumultuado cenário após o fim do domínio comunista em 1989.
O governo provisório não tinha autonomia para realizar reformas fundamentais e os analistas consideram que o país precisa fazer um corte no sistema previdenciário. A economia checa recuou 4,2% no ano passado. Para este ano, a União Europeia prevê crescimento de apenas 1,6%.
Se Paroubek falhar em formar um governo, Petr Necas, o presidente temporário do Partido Cívico Democrático, pode tentar se coligar aos outros partidos de centro-direita TOP 09 e Assuntos Públicos. Estes se opõem ao aumento dos impostos e não definiram prazos para adotar o euro. Além disso, o Cívico Democrático também quer eliminar o déficit fiscal.
O relativamente bom desempenho dos pequenos partidos mostra como a população está insatisfeita com os escândalos recentes dos dois grandes partidos. “Nós perdemos nossa credibilidade”, afirma Necas, cujo partido ganhou as eleições em 2006 com 35% dos votos. Comentários depreciativos do ex-primeiro-ministro do Cívico Democrático Mirek Topolanek sobre judeus, gays e a Igreja Católica fizeram com que ele pedisse a renúncia da presidência do partido no mês passado.
Em contrapartida, o Social Democrata, Miloslav Vleck, porta-voz da Câmara dos Deputados da República Checa, também foi forçado a renunciar seu cargo em abril, depois que admitiu ter mentido sobre um subsídio que ele recebeu do Estado.
Os partidos Democratas Cristãos e Verdes – que antes faziam parte do Cívico Democrático – tiveram fraco desempenho, recebendo menos que 5% dos votos, porcentual necessário para conseguir vagas no parlamento.