Os 20 anos da queda do Muro de Berlim foram lembrados ontem com homenagens às vítimas do regime comunista e com agradecimentos aos líderes que ajudaram na sua derrubada, na reunificação do país e no fim da Guerra Fria. Cerca de 100 mil pessoas enfrentaram a chuva e o frio e se reuniram em frente ao Portão de Brandenburgo, numa noite de emoção e gratidão.

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“Às vezes, as pessoas esquecem hoje quantos não puderam sair durante anos, quantos ficaram presos”, disse a chanceler alemã, Angela Merkel, com os olhos marejados, ao lado de chefes de Estado e de governo. “Antes da alegria da liberdade, muitas pessoas sofreram”, acrescentou ela, originária da Alemanha Oriental.

Entre 1961, quando o Muro foi construído, e 1989, pelo menos 136 pessoas foram mortas pelos guardas alemães orientais, que tinham ordem de disparar contra quem tentasse fugir para o lado ocidental. Merkel, que cruzou a fronteira naquela noite de 9 de novembro de 1989, repetiu ontem o gesto no primeiro posto de controle aberto, a ponte da Bornholmer Strasse, ao lado do ex-líder soviético Mikhail Gorbachev. Centenas de pessoas assistiram ao ato gritando: “Gorby! Gorby!”

Dividindo seu guarda-chuva com Gorbachev, Merkel agradeceu o ex-secretário-geral da União Soviética, que, em 1989, retirou o apoio do Kremlin ao regime da República Democrática Alemã (RDA), sem o qual ela não sobreviveu. “Você tornou isso possível. Você, corajosamente, deixou as coisas acontecerem. Isso foi muito mais do que podíamos esperar.”

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Mil peças de isopor de 2,5 metros de altura, pintadas por 15 mil crianças e jovens, representando pedaços do Muro, formavam uma fila de 1,5 quilômetro. O ex-líder anticomunista polonês Lech Walesa, ao lado do ex-primeiro-ministro húngaro Miklos Nemeth, que permitiu a fuga de milhares de alemães orientais para a Alemanha Ocidental, empurrou a primeira peça, derrubando o “Muro” como um dominó. A data coincide com a Noite dos Cristais, quando pelo menos 91 judeus alemães foram mortos e 200 sinagogas atacadas, com a conivência das autoridades nazistas, em 1938. Por isso, não é feriado na Alemanha.