Um casal britânico acusou o conselho tutelar da cidade de Rotherham, no norte da Inglaterra, de impedir a adoção de duas crianças porque os pais são membros do ultranacionalista Partido da Independência do Reino Unido (UKIP).
Em entrevista publicada hoje ao jornal britânico “Daily Telegraph”, o casal disse que estava há dois meses com as crianças quando receberam o contato do conselho tutelar para que elas fossem devolvidas.
Segundo os pais adotivos, os assistentes sociais consideraram que as crianças, pertencentes a uma minoria étnica, poderiam sofrer maus tratos do casal por causa da ideologia política.
As três crianças, vindas de famílias desestruturadas, foram adotadas em setembro. O casal tem outros doze filhos, todos pertencentes a grupos étnicos minoritários.
Em entrevista à emissora britânica BBC, a diretora do Departamento da Infância e Juventude de Rotherham, Joyce Thacker, se defendeu dizendo que a cidade tenta inserir as crianças em um ambiente “culturalmente sensato”.
“Essas crianças não são britânicas e não sabíamos das posturas políticas dos pais adotivos. Existem ideias muito duras no partido Ukip e temos que pensar no futuro das crianças”, afirmou Thacker.
O líder da Câmara de Vereadores de Rotherham, Roger Stone, disse que abriu investigação para atestar se o processo foi profissional.
Problema político
A recusa da adoção criou um problema político entre o UKIP e o Partido Trabalhista, que governa a cidade. O líder da agremiação de extrema-direita, Nigel Farage, disse que a decisão foi tomada baseada em princípios dos trabalhistas.
“Estou muito incomodado e irritado. Esse casal esteve acolhendo crianças durante muitos anos e são gente muito decente. Trata-se do típico fanatismo do Partido Trabalhista e das prefeituras administradas por eles”.
O secretário de Educação do Reino Unido, Michael Gove, disse que vai abrir uma investigação sobre o caso e qualificou a ação do conselho tutelar como “indefensável” e feita de forma errada.
“Nós não devemos permitir que considerações de fundo ético ou cultural seja usadas para prevenir que crianças sejam adotadas por famílias estáveis e amáveis”.