O Arctic Sea, um cargueiro de bandeira maltesa, deveria aportar na Argélia com uma carga de madeira no dia 4 de agosto. Mais de uma semana depois, não há notícia sobre a embarcação, nem sobre a tripulação. O mistério começou em 24 de julho, quando os 15 tripulantes do Arctic Sea afirmaram ter sido amarrados e agredidos por um grupo de cerca de dez homens que subiu na embarcação na ilha sueca de Oland. Os homens mascarados se identificaram como policiais, mas a polícia sueca negou que tenha atuado naquela área.

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O investigador da polícia sueca Ingemar Isaksson afirmou que a tripulação alegou que os homens deixaram o navio 12 horas depois, em botes infláveis de alta velocidade. “Eu nunca ouvi sobre nada parecido em águas suecas”, disse Isaksson. A pirataria aumentou muito na costa da Somália. A questão agora é se pode ter havido um caso desses em águas europeias. “Se esse é um ato criminoso, ele parece seguir um novo modelo de negócios”, afirmou o especialista em inteligência marítima Graeme Gibbon-Brooks, em entrevista à “Sky News”.

No dia 28 de julho, o Arctic Sea contatou autoridades marítimas britânicas enquanto passava pelo movimentado Canal da Mancha. O navio fez um contato de rotina, obrigatório, informando quem eram eles, de onde vieram e sobre a carga. A agência britânica apontou que tudo parecia rotineiro. A área seguinte para onde o navio foi não está claro. A mídia russa informou que o último contato da tripulação foi em 30 de julho, na Baía de Biscay. O navio teria chegado a ser escoltado por outro de patrulha, português, mas depois não houve mais contatos.

O porta-voz do Comando Marítimo Português, João Barbosa, porém, afirma que pode “garantir que o navio não está em águas portuguesas e nem mesmo passou por águas portuguesas”. A carga de madeira, da finlandesa Rets Timber, é estimada em 1,3 milhão de euros (US$ 1,84 milhão), segundo a companhia. Os especialistas demonstram preocupação com o sumiço, mas se mostram cuidadosos antes de afirmar que houve um crime.

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“Não houve ataques (piratas) em águas europeias”, apontou Pottengal Mukundan, diretor do Escritório Marítimo Internacional, sediado em Londres. “Não é o tipo de área onde piratas operariam com facilidade.” O executivo-chefe do Merchant Maritime Warfare Centre, Nick Davis, disse em entrevista à “BBC” que pode ter havido uma disputa comercial. “Eu suspeito fortemente que isso é provavelmente uma disputa comercial entre o proprietário e uma terceira parte” que poderia ter pegado a carga, afirmou Davis.

O presidente russo, Dmitry Medvedev, ordenou hoje que o ministro da Defesa do país tome “todas as medidas necessárias” para encontrar o cargueiro. Mulheres e outros parentes dos desaparecidos fizeram um apelo ao governo russo sobre o caso.

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