O candidato derrotado à Presidência da Venezuela, Henrique Capriles, disse hoje que o presidente Hugo Chávez propôs que os dois trabalhassem para “isolar setores radicais” do país.
Chávez telefonou para Capriles ontem e disse ter tido com uma conversa “amena” com o opositor.
Em conversa com jornalistas, o governador do Estado Miranda contou hoje que Chávez o chamou pelo seu sobrenome pela primeira vez. Na campanha, o presidente se referia a ele como “majunche”, nada ou perdedor, ou “chayote”, “chuchu”, entre outros apelidos jocosos.
“Então não somos nada”, ironizou Capriles, que brincou dizendo ter afastado o telefone do ouvido ao atender Chávez para se preparar contra os impropérios.
“Eu lhe disse que ele deve controlar [os radicais] o lado de lá. Lá é ele quem manda”, disse. Capriles disse ter se afastado dos setores radicais da oposição venezuelana –em 2002 houve tentativa de golpe contra Chávez– e criticou os pequenos grupos que questionam os resultados eleitorais de domingo.
Na segunda à noite, um grupo fechou a principal rua de Altamira, bairro rico do leste de Caracas, e fez pequenas fogueiras.
Alguns acusavam o candidato derrotado de aceitar supostas fraudes. Os questionamentos também circularam pelo Twiiter e outras redes sociais.
“Vou ser claro: não houve fraude”, disse. “Aos radicais, digo: essa não é a sua casa. A antipolítica convém a quem está no poder.”
Velha política
Capriles, 40, disse ter derrotado “a velha política na Venezuela”, parte da estratégia desenvolvida desde a campanha de se desvincular dos mal avaliados AD (Ação Democrática) e Copei (democratas cristãos), partidos que dominaram a política antes de Chávez.
O governador que se diz progresssista é do Primeiro Justiça, partido de centro-direita originário de uma facção do Copei.
“Derrotei a velha política na Venezuela. Não foi o presidente. Fui eu”, disse. “Tive que vencer obstáculos dos dois lados”, continuou ele.
O governador criticou o desequilíbrio na campanha presidencial, como as cadeias obrigatórias de rádio e TV presidenciais, e comparou as regras para a reeleição na Venezuela com as do Brasil, mais restritivas.
Disse que sua meta é “construir uma base tão grande que todas essas tentativas não inclinem a balança”.
Foi evasivo, porém, ao falar do futuro político imediato. O opositor, que reassumiu hoje o governo de Miranda, o segundo mais populoso do país que abarca parte da Grande Caracas, disse não decidido ainda se vai ou não concorrer à reeleição.
As eleições estaduais são em 16 de dezembro e o prazo para se inscrever como candidato termina na sexta.