Camponeses bolivianos chamam à ocupação de Terras e de Empresas

A Confederação de Camponeses instou neste domingo (4) pela ocupação de terras e empresas em Santa Cruz e pela expulsão da "oligarquia terra-tenente e agroindustrial", em resposta ao referendo autonômico que é realizado nessa região oriental da Bolívia.

Ao mesmo tempo, uma multidão na cidade vizinha de El Alto resolveu "expulsar de seus cargos" e levar a julgamento os governadores e promotores da autonomia em Santa Cruz, Tarija, Beni e Pando, e inclusive também os de La Paz e Cochabamba, que se inclinam a apoiar essas iniciativas.

Com os dizeres "pela unidade da Bolívia", o dirigente da Confederação Nacional de Camponeses, Froilán Mamani, resolveu também expulsar os dirigentes cívicos e empresariais de Santa Cruz e invadir a embaixada dos Estados Unidos em La Paz e de dois veículos de imprensa "da oligarquia" em todo o país.

"Vamos marchar a Santa Cruz e vamos tomar a terra, que é nossa, e as empresas desses oligarcas que humilharam nossos irmãos durante tantos anos", disse Mamani, que também é prefeito de Ancoraimes, município de La Paz.

Diferente de outras concentrações nas quais milhares das tradicionais ‘whipala’, bandeira que simboliza a nação andina, os manifestantes portavam hoje apenas insígnias nacionais e cartazes contra a autonomia.

"Hoje estamos em pé contra esses mafiosos da oligarquia, contra os empresários croatas e os gringos que se refugiaram em nosso país e que se apropriaram de nossos recursos naturais", disse Mamani.

"Não vamos permitir essa autonomia, porque a Bolívia é nossa, não dos estrangeiros, é dos bolivianos, não dos oligarcas", continuou.

O dirigente aprovou uma resolução que "exige" a destituição e julgamento dos governadores de Santa Cruz, Tarija, Beni e Pando, que caminham para sua autonomia, embora a Constituição vigente no país não contemple essa posição, e também contra os de La Paz e Cochabamba, que apóiam a tendência autonomista.

A resolução adverte que se não forem julgados por formas legais, se recorrerá à justiça comunitária.

Ante a multidão, dirigentes da Central Operária Boliviana e da federação da Juntas Vizinhas de El Alto firmaram um pacto para "defender o processo de mudança" que começou nessa mesma cidade, em 2003, com mobilizações em massa que obrigaram a renúncia do então presidente Gonzalo Sánchez de Lozada.

O dirigente declarou "mobilização geral e permanente" até que seja aprovado o projeto de nova Constituição que aprovou a Assembléia Constituinte e que rejeita a oposição por considerar que diminui faculdades às autonomias departamentais.

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