A crise institucional que assola a Argentina desde quarta-feira está sendo embalada pela corrida presidencial de 2011. Nas últimas três semanas, a presidente Cristina Kirchner e seu marido, ex-presidente e atual deputado Néstor Kirchner, foram desafiados pelo lançamento de várias candidaturas da oposição.
Os analistas destacam que o início da corrida, embora prematuro, é sinal do acelerado enfraquecimento do governo Kirchner, que passou por diversos reveses recentes e perdeu a maior parte de seu capital político. O plano do governo, afirmam fontes da Casa Rosada, é o de apresentar Néstor Kirchner como candidato nas eleições presidenciais, apesar de sua impopularidade.
O primeiro candidato a se lançar foi o ex-presidente Eduardo Duhalde, que é do mesmo partido dos Kirchners, o Justicialista (peronista). No entanto, Duhalde lidera a ala dissidente, que cresceu após a derrota do governo nas eleições parlamentares de junho. O segundo foi o vice-presidente, Julio Cobos, que rompeu com Cristina há um ano e meio, embora permaneça no cargo, ao qual afirma que não renunciará, apesar das pressões. Cobos, da União Cívica Radical (UCR), é considerado o maior rival dos Kirchners e o favorito, de acordo com pesquisas. O terceiro candidato a se lançar foi o prefeito de Buenos Aires, Maurício Macri, ex-presidente do Boca Juniors e líder do partido de centro-direita Proposta Republicana (PRO).
Jorge Liotti, professor de relações internacionais da Universidade Católica de Buenos Aires, afirmou ao Estado que a oposição aproveitará a crise institucional atual para conseguir mais território. No entanto, Liotti não acredita que os opositores levarão adiante o impeachment de Cristina. “A oposição deve agir com cuidado. Seus líderes não querem que o país estoure em pedaços, pois desejam chegar ao poder em 2011 com a Argentina em relativo bom estado.”