O primeiro-ministro do Reino Unido, David Cameron, disse a outros líderes da União Europeia que pode ser impossível mudar o tratado administrativo do bloco antes de um referendo em seu país sobre a permanência ou não do Reino Unido na UE. A declaração é uma potencial concessão significativa a seus colegas, em relação aos esforços de Londres para mudar sua relação com o bloco.

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Uma autoridade do governo do Reino Unido informou nesta quinta-feira que Cameron disse a líderes que estava buscando promessas “legalmente vinculantes e irreversíveis” de mudança futura no tratado antes de os eleitores do Reino Unido se pronunciarem. Ainda assim, as declarações sinalizam que o processo de dar mais poderes a Londres, tirando parte do poder de Bruxelas, pode não estar concluído até antes do referendo. Cameron se reúne com outros líderes da UE em Bruxelas nesta quinta-feira, na expectativa de avançar em suas demandas por uma mudança na relação entre o Reino Unido e a UE.

O encontro, porém, foi dominado por outros assuntos, como a crise na Grécia, com Atenas e seus credores ainda divididos sobre conceder mais ajuda financeira e lidar com a chegada de imigrantes da África e do Oriente Médio à costa europeia.

As declarações de Cameron sinalizam que quaisquer mudanças na relação do Reino Unido com o bloco devem levar anos para ser totalmente aprovadas. Mudanças no tratado da UE exigem o consentimento de todos os membros do bloco. Isso abre a possibilidade de que eleitores em outros países possam rejeitar as demandas do Reino Unido em seus próprios referendos.

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O funcionário disse que Cameron admitiu isso, em conversas com outros líderes da UE nas últimas semanas. Desde sua eleição para um segundo mandato de cinco anos, em maio, Cameron tem realizado reuniões com todos os líderes da UE, em um esforço para renegociar sua posição no bloco. Ele prometeu dar aos britânicos a oportunidade de votar em um referendo, no fim de 2017, sobre se o Reino Unido deve ou não seguir na UE. O voto poderia ocorrer antes, dependendo do ritmo das negociações. Cameron diz querer que o país siga no bloco, mas está preparado para fazer campanha pela saída, se não obter o desejado nas negociações.

O premiê britânico já encontrou uma recepção variada para seu esforço. O presidente do Parlamento Europeu, Martin Schulz, advertiu que qualquer mudança na UE precisa ser adotada “pelo bem comum”. O presidente do Conselho Europeu, Donald Tusk, disse que os valores fundamentais da UE “não estão à venda e não são negociáveis”. Uma das exigências de Cameron que enfrenta resistências é a restrição a benefícios de seguridade social para imigrantes da UE. Os cidadãos do bloco têm liberdade para trabalhar e viver em qualquer dos países, sem visto. O Reino Unido, com sua economia mais robusta, tem se mostrado um polo de atração para imigrantes nos últimos anos, especialmente para os membros mais novos do Leste Europeu. Fonte: Dow Jones Newswires.

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