Quatro meses após o anúncio do processo de unificação das duas moedas que circulam em Cuba desde 1994, moradores de Havana ainda não sabem como será a transição nem o que ocorrerá com seu dinheiro, mas depositam esperanças no fim da desigualdade provocada por esse modelo. Nas ruas, cubanos dizem que a moeda única é a mais esperada das medidas divulgadas até agora pelo presidente de Cuba, Raúl Castro, e creem que, a partir daí, haverá o descongelamento dos salários.

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Num momento em que o irmão de Fidel Castro promove reformas econômicas na ilha, a convivência da população com duas divisas – o peso cubano (CUP) e o peso conversível (CUC) – acirra cada vez mais as diferenças no regime comunista. Pior: cria “castas” nesse universo, que começa a abrir uma fresta para o mercado.

A disparidade existe porque a maior parte dos moradores ainda recebe salários e faz compras em peso cubano, mas a moeda forte é o CUC, com valor equivalente ao dólar (R$ 2,38). Na intrincada contabilidade da ilha, são necessários 24 pesos cubanos para obter 1 CUC.

Chamado pelos cubanos de “ce, u, ce”, o CUC é o objeto do desejo dos trabalhadores, que fazem de tudo para conseguir a cobiçada moeda. Há quem leve o violão para a rua e comece a cantarolar para obter alguns trocados. Outros tentam aplicar pequenos golpes em turistas, vendendo uma moeda que chamam de “relíquia”, com a fisionomia de Che Guevara.

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Quem não tem “ce, u, ce” em mãos passa por maus bocados. Além disso, não pode usufruir de nenhuma das mudanças anunciadas por Raúl, como, por exemplo, o direito de viajar e comprar imóveis. Falar no celular, a 0,35 CUC o minuto, nem pensar. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.