Deputados democratas, que comandam a investigação sobre o impeachment de Donald Trump, intimaram nesta segunda-feira, 7, o Pentágono e a Casa Branca a entregarem documentos relacionados à conversa do americano com o presidente da Ucrânia, Volodmir Zelenski, no dia 25 de julho. No diálogo, Trump pedia para os ucranianos investigarem Joe Biden, seu maior adversário na corrida pela reeleição.
Os democratas intimaram o secretário de Defesa, Mark Esper, e o diretor de Orçamento da Casa Branca, Russell Vought, para que entreguem documentos até o dia 15. O objetivo é esclarecer as razões por trás da decisão da Casa Branca de suspender a ajuda militar crucial à Ucrânia, que havia sido autorizada pelo Congresso.
Os presidentes dos três comitês da Câmara que lideram a investigação do impeachment buscam informações sobre pressões de Trump sobre Zelenski. Diplomatas americanos também comparecerão ao Congresso nesta semana para prestar depoimentos a portas fechadas.
Entre os que devem depor estão Gordon Sondland, embaixador dos EUA para a União Europeia, que teria se envolvido nos esforços para convencer a Ucrânia a iniciar as investigações, e Masha Yovanovitch, que foi retirada abruptamente de seu posto de embaixadora americana na Ucrânia em maio, depois que assessores e conselheiros de Trump questionaram sua lealdade ao presidente.
A Casa Branca pretende comunicar formalmente à presidente da Câmara dos Deputados, a democrata Nancy Pelosi, que ignorará as exigências de documentos feitas pelos deputados até que a Câmara, de maioria democrata, realize uma votação no plenário para aprovar oficialmente o inquérito de impeachment.
Pelosi diz que uma votação não é necessária, porque não existe nenhuma provisão nas regras da Câmara que exija uma aprovação do plenário sobre o impeachment – embora nas duas últimas vezes, com os ex-presidentes Richard Nixon e Bill Clinton, o impeachment avançou apenas depois de ser aprovado em plenário.
Os democratas, no entanto, garantem que já têm os votos necessários para a aprovação do impeachment. O processo, se aprovado na Câmara por maioria simples de 218 deputados, seguiria para o Senado. Para a destituição de Trump, seria necessário que 20 senadores republicanos mudassem de lado, o que é considerado improvável.
Até agora, apenas três senadores republicanos criticaram publicamente o presidente: Mitt Romney, um desafeto de longa data de Trump, e dois senadores moderados, Susan Collins e Ben Sasse. Outros nomes do partido preferiram não comentar o caso ou encarar como “brincadeira” o pedido de Trump à Ucrânia para investigar Biden.
No fim de semana, Marco Rubio, senador republicano da Flórida, ofereceu sua versão sobre o pedido de Trump para que a China também investigasse seu maior adversário democrata. “Não foi um pedido de verdade”, disse Rubio. “Ele só estava testando a imprensa, sabendo que vocês (jornalistas) ficariam indignados.” O mesmo argumento foi repetido pelo senador Roy Blunt. “Duvido que ele (Trump) tenha falado sério”, disse o republicano, no domingo, ao programa Face the Nation, da rede CBS.
Os democratas, porém, dizem acreditar que mais republicanos possam abandonar o barco à medida que a investigação avance. Os deputados confirmaram a existência de um segundo delator anônimo que estaria disposto a relatar a pressão de Trump sobre a Ucrânia.
No domingo, Mark Zaid, advogado do primeiro denunciante anônimo, anunciou que representava também um segundo informante que daria detalhes em primeira mão sobre o caso. Outro advogado do escritório de Zaid, Andrew Bakaj, sugeriu que o número de denunciantes pode aumentar. (Com agências internacionais).
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.