Uma ave de temperamento dócil e pacífico vem sendo cada vez mais procurada como animal de estimação. Originária da Austrália, a calopsita – um psitacídeo da família das cacatuas – é um pássaro médio, de cerca de 30 centímetros de altura, considerado grande companheiro e de fácil criação.
Portadora de uma beleza exótica, a ave chama a atenção principalmente por sua crista e pelas bochechas avermelhadas, que dão a impressão que ela está maquiada. À venda em aviários, pode ser encontrada em cores variadas. Porém, possui um padrão definido por criadores como normal ou silvestre (cinza com as bordas das asas brancas, crista amarela nos machos e amarelo-acinzentado nas fêmeas).
"As calopsitas se adaptam muito bem a qualquer temperatura. Criadas em cativeiro, são tiradas do ninho logo nos primeiros dias de vida para que aprendam a conviver com seres humanos e se tornem dóceis e companheiras. Dão pouco trabalho, são brincalhonas e não costumam destruir objetos", comenta Luiz Fernando Abagge, proprietário de um aviário que trabalha com a comercialização das aves no bairro Batel, em Curitiba. Ele já chegou a ter três calopsitas em sua própria casa.
As aves não necessitam de grande disponibilidade de espaço, se dão bem com outros pássaros menores e podem ser criadas tanto em cativeiros coletivos quanto individuais. São indicadas tanto para quem vive em casa quanto para quem mora em apartamento. Quando em companhia de pessoas, podem ser deixadas soltas dentro das residências. Costumam seguir os donos pelos ambientes, observar suas atividades e ficar pousadas sobre os ombros. Gostam de dar bicadas, mas quando são mansas geralmente fazem isso com a intenção de brincar e não de ferir, não chegando a machucar.
"Muitas pessoas as criam soltas dentro de casa e apreciam essa característica das aves. Quem faz isso só deve cuidar em deixar as janelas e as cortinas fechadas, evitando que os pássaros batam nos vidros na tentativa de voar. Isso deve ser feito pelo menos até que as calopsitas se habituem bem ao ambiente em que vivem. Quando não tiver ninguém em casa, o ideal é que os animais sejam presos em gaiolas para que não sofram algum tipo de acidente e fiquem sem socorro", alerta Luiz Fernando.
Ao contrário de cães e gatos, não há como ensinar as aves a fazerem suas necessidades num lugar específico da casa. Quando soltas, elas fazem onde lhes dá vontade. Isso pode vir a incomodar algumas pessoas, mas o dono de aviário garante que as fezes dos pássaros são firmes, fáceis de limpar e não geram cheiro forte. Fora isso, as calopsitas não são consideradas barulhentas, desta forma geralmente não incomodando a vizinhança e não irritando os próprios moradores da casa. "Elas aprendem a assobiar músicas e chegam a falar algumas palavras (um número menor de indivíduos)." Algumas pessoas costumam ensiná-las a assobiar trechos de canções utilizando CDs e fitas cassete.
A alimentação dos animais em cativeiro é composta de ração especial e tem como complemento verduras, sementes e frutas. Na natureza, também costumam ingerir insetos. São pássaros considerados bastante fortes e resistentes a doenças. Vivem, em média, vinte anos, geralmente morrendo de velhice. "Elas só não suportam vento, principalmente o vento do final da tarde, que muitas vezes as deixa doentes. Por isso, no final do dia, os donos devem mantê-las em locais fechados e protegidos", diz Luiz Fernando.
Reprodução
Em cativeiro, as calopsitas são capazes de se reproduzir durante todo o ano, botando, em média, cinco ovos, com intervalos de alguns dias. Tanto a mãe quanto o pai cuidam dos ovos – cujo período de incubação é de cerca de vinte dias – e dos filhotes.
Brincalhona e companheira como um cão ou um gato
A graciosidade da calopsita faz com que ela seja tratada como um verdadeiro integrante da família em diversos lares brasileiros. Quem tem a ave dentro de casa garante que, embora de forma diferente, ela pode ser tão brincalhona e companheira como um cão, um gato ou qualquer outro bichinho de estimação. Geralmente, quem adquire o primeiro pássaro se apaixona e nunca mais deixa de tê-lo, contagiando também amigos e familiares.
A dona de casa Maria Lúcia Piemontez Maduro está com sua terceira calopsita (a primeira morreu e a segunda escapou pela janela, sendo pega por crianças e não devolvida), um macho que atende pelo nome de Poquinha e está com oito meses de vida. "Há bastante tempo, minha mãe ganhou um casal que não era domesticado. Depois disso, eu comprei uma ave ainda filhote e comecei a alimentá-la na mão. Ela ficou supermansinha e eu me encantei com a espécie", conta.
No apartamento de Maria Lúcia, a calopsita é criada solta e tem total liberdade para explorar a casa e passear pelos lugares que quiser. A ave só é deixada em gaiola no período da noite, quando costuma dormir. A dona de casa garante que o animal adora fazer pose para tirar fotografias, não se incomoda em ser acariciado por pessoas estranhas e, além de assobiar, sabe falar as palavras "mamãe", "papai" e "nenê". "É uma ave bastante inteligente. Poquinha tem um piado diferente para chamar cada pessoa da casa, se fazendo entender por todos."
Criação
A relações-públicas Rosane Pereira adquiriu a primeira calopsita, um macho, há cerca de dois anos. Tempos depois, achando que deveria ser monótono ao animal viver sem a companhia de outros da mesma espécie, comprou uma fêmea. Por mais que este não fosse o objetivo da proprietária, o casal acabou se entrosando tanto que começou a ter filhotes. Atualmente, Rosane já consegue até um dinheirinho extra com a comercialização dos bichinhos.
Na primeira cria, nasceram três animais, sendo que dois foram vendidos. Na segunda, nasceram quatro, mas apenas dois sobreviveram, também sendo comercializados. Agora, os animais estão chocando novamente e os próximos filhotes são esperados com bastante expectativa. "Não foi minha intenção criar calopsitas para vender. Isso aconteceu naturalmente", afirma a relações-públicas. "Ter a ave em casa faz muito bem. Tratá-la é muito gostoso e quase uma terapia."
A fêmea mantida na casa de Rosane recebeu o nome de Merlyn, mas não é totalmente domesticada, não gostando de ser pega e de sair da gaiola. Já o macho, chamado Elvis, é bastante dócil. Embora seja um pouco desconfiado com pessoas estranhas, adora receber o carinho da dona. "Ele foi domesticado ainda filhotinho e ficou bastante companheiro. Não gosta de ficar sozinho e é bastante ?reclamão’. Quando ele está quietinho e eu chego perto, ele logo começa a querer atenção."
Compradores
A amizade entre Rosane e o pássaro fez com que familiares e amigos também passassem a desejar ter calopsitas em casa, tornando-se compradores em potencial dos filhotes de Elvis e Merlyn. Um exemplo disso é o estudante Geraldo Paulo da Silva Júnior, que é amigo da relações- públicas e há três meses adquiriu um filhotinho, um macho que é conhecido como Tonico. Apesar do pouco tempo de convivência, o rapaz e a ave já se tornaram grandes companheiros.
"Tonico permanece solto dentro de casa, passando bastante tempo dentro do meu quarto. Fica no meu ombro quando estou mexendo no computador e adora brincar na frente do espelho", revela Geraldo.
Em média, os filhotes mansos de calopsita custam entre R$ 120,00 e R$ 150,00. A ave adulta e domesticada pode ser encontrada por cerca de R$ 50,00. (CV)