Alberto MelnechukyÂnimos exaltados, libido aflorada, começa o show com fantasias de tirar o fôlego. Por quase duas horas uma seleção de beldades masculinas desfila, exibindo corpos esculturais. A mulherada fica atônita, quase não pisca.

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As mais ousadas aproveitam cada minuto para tirar uma ?casquinha? ou até ?um pedaço? dos garotos. E ainda existe a expectativa de quem eles vão escolher para contracenar no palco central. Algumas poucas recebem este privilégio.

O primeiro a se apresentar é o ?Malandro? Márcio. Terno branco, chapéu e muita ginga. Ele é único negro da casa. Dança, rebola, passeia entre as mulheres, exibe o corpo e deixa que o toquem, afinal está ali pra isso. Depois de seduzi-las, o ?Malandro? abre espaço e divide o palco com o ?Marinheiro?, que entra em cena ao som de um apito de navio. Os dois não medem esforços para agradar as 115 freqüentadoras.

E elas usam e abusam; deslizam as mãos pelas costas, pelo peito deles e por onde mais puderem. As luzes coloridas camuflam a ousadia.

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Uma senhora, com cerca de 50 anos, é convidada pela dupla para participar do show. Ela é deitada no palco e cada um deles toma conta de uma extremidade de seu corpo. A expressão dela é de puro prazer. As mãos passeiam sem qualquer pudor.

A mulher retoma o seu lugar, e o clima fica ainda mais quente. Eles vão tirando as fantasias aos poucos. Estrategicamente montadas com velcro, camisas, calças e outros acessórios são arrancados e atirados longe. O bumbum fica à mostra, ao alcance das mãos ousadas.

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O ?Malandro? e o ?Marinheiro? já não têm mais o que mostrar. Deixam o palco e entra outra dupla. O apresentador anuncia que a polícia ?deu batida? na casa e dois garotos, com fantasias de policiais militares, entram em cena. Usando armas de brinquedo, escolhem uma jovem da platéia, colocam-na no palco e simulam uma revista pessoal. Os policiais a provocam com gestos insinuantes. Ela sai de cena e a dupla começa o strip-tease. Na seqüência  surgem o ?Bad Boy? – que faz um show de pirofagia -, o ?Drácula?, o ?Fantasma da Ópera?, o ?Guarda-Costas? e para fechar a noite o ?Amante Profissional?, interpretado por Roger, que estava de aniversário e comemorou a data com uma apresentação especial.  Usando uma toalha, ele simulou um banho jogando água sobre seu corpo, o que levou a mulherada ao delírio.

Depois das apresentações, todos os garotos voltam ao palco de sunga e iniciam algumas brincadeiras de dar água na boca. A mais conhecida é a do champanhe, em que as mulheres pagam de R$ 30,00 a R$ 60,00 para receber a bebida do garoto que elas escolherem. Sentada no colo do eleito, de repente, um apagão! O que acontece no escuro só eles é que sabem.

Para garantir privacidade, é proibido às demais freqüentadoras acenderem isqueiros, ou qualquer coisa que gere claridade.

A outra brincadeira é o ?Túnel do Prazer?. Os rapazes fazem um ?corredor polonês?; a mulher que passa por ele deleita-se apalpando os musculosos corpos enfileirados. A brincadeira também acontece no escuro e por onde passeiam tantas mãos apenas eles podem contar.

Platéia eclética

Na platéia tem de tudo. Loira, morena, magra, gordinha, nova, mais velha e até idosas. A alegria é geral. Entre as freqüentadoras, uma delas chama a atenção. É a Cris, analista de sistemas, de 37 anos, que se divorciou há cinco meses. Há quatro freqüenta a casa. Dona de um corpo que foge aos padrões de beleza convencionais (está um pouco acima do peso), Cris chega esbanjando auto-estima. ?Chapinha? no cabelo, salto alto e vestido preto curto, bem decotado. Assim que os garotos entram em cena e sobem nos palcos suspensos, Cris é uma das primeiras a ser convidada por eles a dançar. Em pouco mais de meia hora ela dança e ?se amassa? com pelo menos cinco rapazes. O vestido sobe e as mãos descem ao ritmo da música. Depois de tanto apalpar e ser apalpada, Cris resolve dar um tempo. Senta muito à vontade no sofá de um dos cantos do clube a acende um cigarro. Nessa altura, a ?chapinha? já desmanchou e maquiagem não está mais aquelas coisas. Liberada e feliz, de forma simpática ela conversa. ?Eles são lindos, legais e falam tudo o que a gente quer ouvir. Fazem a gente se sentir amada, desejada e bonita?, garante.

Um tanto atrevida – se comparada às demais – Cris revela que costuma sair com alguns dos garotos. Ela disse que não paga pelo sexo, mas confessa que os mima com presentinhos. Também faz uma revelação: ?Apesar de ser proibido, transo com eles aqui dentro. Pago o champanhe e tenho direito de ficar dez minutos sozinha com quem eu escolher, mas como sou freqüentadora assídua da casa, fico meia hora. Dá tempo e o sexo é espetacular. Venho aqui todas as quintas-feiras desde que me separei, pois fiquei casada 12 anos e agora resolvi aproveitar a vida. Aqui é a mulher quem manda?, revela, feliz da vida.

Outra freqüentadora chama a atenção pela idade. Ela tem 63 anos e vai ao clube há dois anos, por pura diversão. ?Vim pela primeira vez em um aniversário e não parei mais. Pago o champanhe e posso ficar alguns minutos com o menino que escolher. Mas eu só passo a mão nas costas e no peito, jamais embaixo. E eles me respeitam, não me tocam. Sou separada há 15 anos e pra mim eles são como filhos?, diz ela, achando que todo mundo acredita. Já para a funcionária pública Rose, de 40 anos, o Clube para Mulheres é o lugar ideal para aumentar a auto-estima.

*Manter um corpinho de ?deus grego? não é fácil. Este é o assunto de amanhã na última reportagem da série Clube para Mulheres.