Brasil e Cuba negociam a criação de hospitais de campanha no Haiti para atender aos casos de cólera e evitar que a doença desestabilize mais uma vez o país caribenho já castigado por furacões, golpes de Estados e um terremoto de 7 graus na Escala Richter que deixou mais de 300 mil mortos em janeiro.
O governo brasileiro já enviou a Havana uma proposta para que o governo cubano use os mil médicos que mantém no Haiti em centros para o atendimento da população. A revelação é de Carlos d’Oliveira, coordenador dos projetos no Haiti do Ministério da Saúde. “Queremos ter uma definição sobre esse projeto nas próximas 48 horas”, disse.
“A situação é muito crítica e o pior é que não sabemos nem mesmo se o surto já atingiu seu pico ou não”, afirmou o brasileiro. “A meta era criar uma barreira sanitária e evitar que a doença chegasse a Porto Príncipe, mas isso não pôde ser evitado”, disse d’Oliveira.
A maior preocupação é com o risco de que a epidemia contamine os campos de deslocados onde vivem mais de 1,5 milhão de pessoas desde o terremoto de janeiro. “Só nesses locais existem mais de cem mil grávidas”, disse.
A ideia de Brasília é dar recursos que seriam aplicados pelos médicos cubanos. O Ministério da Saúde, porém, evita ainda falar em números. Mas, até agora, a ajuda do Brasil para o setor da saúde do Haiti já é o maior projeto realizado pelo Ministério da Saúde.