O ministro brasileiro das Relações Exteriores, Celso Amorim, contou que, quando ainda estava em El Salvador, o presidente deposto de Honduras, Manuel Zelaya, pediu ao Brasil um avião emprestado para que ele pudesse entrar em território hondurenho, de onde havia sido expulso por militares. O pedido foi feito por telefone e negado pelo próprio chanceler, conforme relato que ele fez esta tarde à Comissão de Relações Exteriores do Senado.
“Vou contar aqui um fato que não foi tornado público. Foi pedido um avião brasileiro para que o presidente Zelaya voltasse, e nós negamos”, contou o chanceler, negando a versão de que o Brasil teria procurado ser protagonista na busca de uma solução para a crise política em Honduras. “Nós não fomos jamais protagônicos neste caso”, afirmou.
Amorim negou também que o Brasil tenha envolvimento com a operação de retorno do presidente deposto a Honduras. Em resposta ao senador Álvaro Dias (PSDB-PR), que disse duvidar da não participação do Brasil no retorno de Zelaya, Celso Amorim disse: “Tenho 50 anos de vida pública. Se o senhor prefere acreditar na palavra de um golpista, não posso fazer nada.”
O chanceler brasileiro rebateu crítica do senador Arthur Virgílio (PSDB-AM) de que, ao abrigar Zelaya na sua embaixada em Tegucigalpa, o Brasil perde o papel de negociador e fica “preso a um país pequeno”: “Lá, o que está em jogo não é apenas um pequeno país da América Central, é o destino da democracia, pelo menos na América Central, onde a tolerância a um golpe de Estado poderia inspirar outros golpes na região”, respondeu Amorim.