Embora tenha melhorado levemente sua performance em relação ao ano passado – de 3,3 pontos para 3,5 pontos – o Brasil caiu do 70º para o 72º lugar no ranking elaborado anualmente pela entidade Transparência Internacional que mede a percepção na sociedade do nível de corrupção entre seus políticos e autoridades. Por essa percepção, a corrupção no Brasil aumentou e em um ano em que o Índice de Percepções de Corrupção foi mais amplo, abrangendo 180 países, 17 a mais do que em 2006.
O Brasil – que divide a 72ª posição com México, Peru, Marrocos, China, Índia, Suriname – é visto como mais corrupto do que muitos países em desenvolvimento ou pobres, como a Colômbia, Gana, Senegal. O líder do ranking e portanto considerado menos corrupto – é a Nova Zelândia, com 9,4 pontos, seguida da Dinamarca, Finlândia, Cingapura e Suécia. Os países lanterninhas são a Somália e Mianmá.
A presidente da Transparência Internacional, Huguette Labelle, avalia que houve recentemente uma melhora no combate à corrupção no Brasil, mas observou que sua pontuação não melhorou mais acentuadamente por causa dos escândalos envolvendo integrantes do governo, parlamentares e dirigentes públicos nos últimos anos como o caso do mensalão.
"O Brasil está melhorando, implementando novas leis, mais transparência nos diferentes níveis de governo, mostrando mais preocupação com a governança", disse Labelle a Agência Estado. "Mas os recentes escândalos envolvendo altas figuras políticas podem ter freado uma melhora mais aguda da percepção de corrupção do país, ou seja, no balanço, tudo ficou mais ou menos igual.
Entre os países latino-americanos, o Chile é o considerado o menos corrupto, no 22º lugar, com 7 pontos, seguido pelo Uruguai na 25ª posição. Já a Venezuela é o pior classificado da região, no 162º lugar, com apenas 2,0 pontos. Segundo Labelle, essa péssima imagem da Venezuela pode estar relacionada às políticas implementadas pelo presidente Hugo Chávez, que aumentaram o papel do Estado em diferentes áreas econômicas e sociais do país. "A Venezuela é um país com volumosa arrecadação, principalmente por causado petróleo, pouca transparência e um espaço limitado para a ação da sociedade civil", disse. "São características de um ambiente que pode acentuar a corrupção.
Venezuela não é o único país na região que preocupa a Transparência Internacional. Segundo a entidade, a maioria dos países sul-americanos possuiu os instrumentos legais para lidar com o problema, mas não os implementa devidamente. "Estamos preocupados com os sinais de crescentes limitações para a sociedade civil operar livremente na América Latina", disse um analista da entidade.
Outros países latino-americanos com baixa pontuação são a Argentina, a Bolívia (ambos no 105º lugar, com 2,9 pontos), Paraguai (138º, 2,4 pontos), e Equador (150º lugar, 2,1 pontos).
O Índice de Percepções de Corrupção é uma das principais referências internacionais mais respeitadas para se avaliar o grau de corrupção de cada país, sendo inclusive usado por agências de classificação de risco.
O estudo se baseia em outras pesquisas, como as elaboradas pelo Banco Mundial e o Fórum Econômico Mundial, e classifica cada país de acordo com a percepção da existência de corrupção entre seus políticos e funcionários públicos.