A British Petroleum e outras grandes companhias de petróleo basearam seus planos para responder a grandes vazamentos de petróleo no Golfo do México em projeções do governo dos EUA que previam baixa possibilidade de o óleo atingir a costa do país, mesmo no caso de um vazamento com as proporções do atual. A informação foi publicada pelo Wall Street Journal.
Os modelos do governo, que não são atualizados desde 2004, assumiam que, em um vazamento, a maior parte do petróleo evaporaria rapidamente ou seria dissolvida pelas ondas e pela temperatura. Mas, nas semanas que se passaram desde que a plataforma Deepwater Horizon pegou fogo e afundou, a vida real provou que esses modelos estavam equivocados. O petróleo atingiu 171 milhas (cerca de 275 km) do litoral sul da Louisiana, Mississippi, Alabama e norte da Flórida. Além disso, os modelos do governo não tratam de como o petróleo expelido uma milha abaixo do fundo do mar se comportaria – apesar dos anos de preocupações entre cientistas do governo e companhias de petróleo com possíveis vazamentos em explorações em águas profundas.
As projeções otimistas do governo dos EUA reforçaram a confiança do setor de petróleo em sua tecnologia para prevenção de vazamentos, o que levou a decisões que deixaram tanto as companhias quanto o governo mal preparados para o desastre que atinge as águas do Golfo do México desde o dia 20 de abril, ressalta o jornal. A BP e as agências do governo que estão respondendo ao vazamento têm tido dificuldades para agrupar meios de conter o petróleo e os navios e equipamentos necessários para manter o óleo longe da costa.
Depois do acidente no Golfo do México, o governo de Barack Obama lançou uma grande reforma da agência que regula a exploração de petróleo e gás em alto mar. “Sem dúvida, nós precisamos levantar barreiras para as operações com petróleo e gás em alto mar”, afirmou um porta-voz do Departamento do Interior dos EUA ontem, em resposta a perguntas sobre os modelos de combate a vazamentos.
A BP tem sido criticada pelo Congresso dos EUA e por grupos ambientalistas por não estar preparada para lidar com um vazamento de grande escala. No entanto, essas críticas escondem um fato crucial: os órgãos reguladores federais dos EUA exigiram que a BP baseasse seus planos de combate nos modelos do Departamento do Interior que não são atualizados desde 2004. As informações são da Dow Jones.