Um ataque aéreo promovido pelos Estados Unidos no domingo (6) matou 47 civis que viajavam para assistir a um casamento no Afeganistão, anunciou hoje o presidente de uma comissão que investigou o incidente. O bombardeio, que atingiu o distrito de Deh Bala, na província de Nangarhar, também feriu nove civis, disse Burhanullah Shinwari, vice-presidente do Senado afegão e presidente da comissão.
Ao anunciar o resultado das investigações afegãs, Shinwari disse que dos 47 civis mortos, 39 eram mulheres e crianças. Ainda segundo ele, a noiva foi uma das pessoas mortas no bombardeio americano. O grupo foi atacado duas vezes enquanto caminhava da casa da noiva até o local da festa, na aldeia do noivo, explicou o senador afegão.
A comissão investigadora, formada por nove pessoas, foi enviada na terça-feira (8) pelo presidente do Afeganistão, Hamid Karzai, à região do bombardeio. Os emissários, que voltaram ontem a Cabul e apresentaram hoje suas conclusões, são formados por parlamentares, funcionários do Ministério da Defesa e agentes dos serviços secretos.
De acordo com Shinwari, o teor do documento baseia-se em relatos de testemunhas e de familiares das vítimas. Todos os mortos foram sepultados em um cemitério próximo da aldeia onde ocorreu o bombardeio. "Todos eles eram civis. Não havia vínculo nenhum com a Al-Qaeda nem com o Taleban", sentenciou Shinwari.
No domingo, o Exército americano negou que civis tivessem morrido no acidente e qualificou a possibilidade como "propaganda insurgente". Na ocasião, autoridades afegãs diziam que 27 civis tinham morrido. Hoje, o tenente Nathan Perry, porta-voz do comando militar americano, qualificou como "trágica" a perda de qualquer vida inocente. "Asseguro a vocês que civis nunca são os alvos e que nossas forças esforçam-se ao máximo para evitar baixas entre civis", disse ele. "O incidente ainda está sendo investigado pelas forças de coalizão.