Bolívia, Brasil e Peru preparam ações contra o tráfico

Os governos de Bolívia, Brasil e Peru preparam uma reunião para coordenar ações de combate ao narcotráfico, crime organizado, lavagem de dinheiro e reforçar a segurança nas suas fronteiras, informou hoje o chefe da Casa Civil da Bolívia, Sancha Llorenti. “Surgiu a iniciativa de realizar a reunião trilateral entre os ministros da Justiça do Brasil, do Interior do Peru e da Casa Civil da Bolívia para coordenar uma luta conjunta contra as atividades ilícitas” afirmou o ministro, segundo a Agência Boliviana de Informação (ABI). A data da reunião ainda não foi marcada.

Llorenti afirma que a força policial antidrogas da Bolívia apreendeu neste ano 27 toneladas de cocaína, metade da qual foi produzida no Peru e tinha o Brasil como destino final. Habitualmente, os países trocam informações e coordenam ações em reuniões bilaterais, mas não é comum uma reunião tripartite. Segundo o ministro boliviano, uma reunião tripartite agora é necessária porque nos últimos tempos a Bolívia virou um corredor de passagem para a cocaína produzida no Peru e destinada ao Brasil.

“Por isso é importante que aconteça esse encontro trilateral, para coordenar ações contra o narcotráfico e melhorar a troca de informações entre as polícias que reprimem o tráfico de drogas nos três países”, afirmou o ministro.

Na semana passada, as autoridades bolivianas redobraram o controle nas fronteiras com o Brasil, após a recente ofensiva armada brasileira contra narcotraficantes nas favelas do Rio de Janeiro. “Não se descarta que alguns desses delinquentes que tentem fugir dessa operação possam ir para outros países da região e esse é o caso da Bolívia”, disse então o ministro da Defesa da Bolívia, Rubén Saavedra.

Segundo as autoridades bolivianas, o Brasil é o principal destino da cocaína boliviana e também da cocaína que ingressa na Bolívia vinda do Peru. Uma parte da droga é consumida no mercado brasileiro, mas a maior parte vai por mar até a África Ocidental, de onde é revendida à Europa. Outros mercados são Argentina, Chile e Paraguai. A polícia estima que apenas 1% da cocaína que é vendida nos Estados Unidos provém da Bolívia.

A força antidrogas boliviana deteve, em 2010, 3.054 pessoas pelo tráfico de cocaína, das quais mais de 300 são estrangeiros, entre peruanos, colombianos e brasileiros. Reportagens da imprensa indicaram há alguns meses que o Comando Vermelho, um dos maiores grupos do narcotráfico no Brasil, também operava na Bolívia, mas as autoridades locais negaram isso e disseram que as máfias bolivianas estão associadas a intermediários, que por sua vez operam com os grandes grupos do crime organizado. A Bolívia é o terceiro maior produtor de coca e cocaína no Hemisfério Ocidental, após a Colômbia e o Peru. As informações são da Associated Press.

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