O grupo militante islâmico Boko Haram realizou um massacre com duração de quase uma semana no nordeste da Nigéria, autoridades e moradores afirmaram nesta sexta-feira. Os atos violentos agravam o cenário diante da campanha presidencial.
Os militantes que ocuparam a remota cidade de Baga no sábado passaram os dias seguintes caçando e matando seus moradores, de acordo com relatos de sobreviventes. Bulama Masta disse ter perdido seus cinco filhos enquanto procuravam um local seguro. Dois morreram afogados no sábado e os outros três foram baleados no domingo enquanto corriam, disse Masta. Ele chegou, sem os filhos, na segunda-feira, em Maiduguri, a maior cidade próxima.
Os combatentes ocuparam também aldeias vizinhas a Baga, matando os moradores das comunidades que eles consideram como sendo oposição a eles, assim como os pessoas que tentaram escapar, de acordo com sobreviventes e vigilantes locais. Na quarta-feira, o Boko Haram incendiou toda a cidade. “Não há uma única casa lá”, disse Baba Hassan, um morador e testemunha do ataque.
Nesta sexta-feira, tantos moradores foram baleados que “os cadáveres estão espalhados por todos os lugares”, disse Maina Ma’aji Lawan, comandante da área. “Nosso povo está fugindo aos milhares”, afirmou.
Ano eleitoral
O Boko Haram tem um histórico de violência contra comunidades que se opõem à sua tentativa de aplicar a lei fundamentalista na Nigéria, mas o cenário atual se torna mais grave diante das eleições. Enquanto o Boko Haram cometia atrocidades em Baga na quinta-feira, o presidente da nação, Goodluck Jonathan, estava na megalópole de Lagos, a 800 quilômetros a sudoeste, no lançamento de sua campanha de reeleição.
Críticos têm questionado como uma eleição nacional pode ser realizada, especialmente no nordeste, em meio a tanto tumulto sangrento. Nos últimos dois anos, 1,6 milhões de nigerianos fugiram do grupo insurgente, que já controla ou tem demonstrado a capacidade de aterrorizar boa parte do nordeste da Nigéria, segundo a Organização das Nações Unidas (ONU).
Durante seu discurso em Lagos, Jonathan disse a uma multidão de seguidores que iria garantir que cada nigeriano seria capaz de lançar uma cédula na eleição de 14 de fevereiro. “Todos os nigerianos devem votar”, afirmou. O presidente nigeriano disse que o Exército estava sendo reequipado para combater melhor o Boko Haram e que ele tinha determinado à comissão eleitoral do país que garantisse que todos votassem.
Mais de 16 mil pessoas morreram nos conflitos do Boko Haram desde 2011, sendo 11.245 deles só em 2014, de acordo com o Conselho de Relações Exteriores de Nova York. Esse registro não inclui o último ataque. Fonte: Dow Jones Newswires.