Bispo irlandês renuncia após escândalo por abuso sexual

O papa Bento XVI aceitou a renúncia do bispo de Limerick, Donal Murray, informou hoje o Vaticano. O monsenhor foi duramente criticado em uma investigação irlandesa sobre abusos sexuais de religiosos e o papel da hierarquia da Igreja para encobrir esses crimes.

O anúncio divulgado pela Igreja é conciso e não menciona o escândalo. O texto afirma que a renúncia ocorreu segundo um trecho da lei canônica que permite que bispos, com menos do que os 75 anos da aposentadoria compulsória, possam renunciar caso tenham se tornado “incompatíveis” com o posto. A incompatibilidade pode resultar de uma doença ou alguma outra circunstância, como um escândalo.

Murray, de 69 anos, foi bispo-auxiliar em Dublin. A renúncia dele era esperada, após um duro relatório divulgado no mês passado segundo o qual a Igreja Católica na Irlanda encobriu mais de cem abusos contra crianças cometidos por padres. Murray não é acusado de cometer abusos, mas sim de encobrir o problema.

A investigação do governo irlandês concluiu que outros quatro bispos ainda no cargo e cinco bispos aposentados, incluindo o cardeal Desmond Connell, tiveram um papel para encobrir o escândalo nas últimas décadas. O relatório afirma que líderes da Igreja na Arquidiocese de Dublin não informaram as autoridades sobre abusos sexuais de padres. Já a polícia não cumpria suas obrigações de investigar, acreditando que os religiosos estavam acima da lei.

Dois bispos, Martin Drennan, de Galway, e Eamonn Walsh, de Dublin, afirmaram não ter intenção de entregar suas renúncias ao papa. O Vaticano foi duramente criticado na Irlanda, um país de fortes raízes católicas, por não responder a cartas enviadas por investigadores à Arquidiocese de Dublin.

O relatório do governo concluiu que mais de 170 clérigos se envolveram em abusos, desde 1940. Líderes da Igreja ocultaram o problema, nota o documento. A instituição passou a cooperar para apurar esses casos só em 1995. Com isso, a expectativa é que a Arquidiocese de Dublin seja punida em processos judiciais em milhões de euros.

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