Os biólogos do Centro de Estudos do Mar (CEM) da Universidade Federal do Paraná (UFPR), localizado em Pontal do Paraná, estão recebendo visitas diferentes nas últimas duas semanas. Dezoito pingüins vindos das costas da Argentina e do Chile estão sendo tratados pelos biólogos do Centro.

Eles chegaram às areias paranaenses completamente sujos de óleo. Os biólogos estão os limpando antes de serem desenvolvidos a seu ambiente natural. Embora contrarie tudo que a crendice popular afirma sobre esses animais, os pingüins vieram para o Brasil para fugir do frio. Segundo o chefe do laboratório de ornitologia do CEM, Ricardo Krul, todos os anos muitos deles aparecem na costa paranaense atrás de um inverno mais ameno. Eles são originários de países de média latitude da América do Sul, onde o inverno é muito rigoroso nesse período do ano. Em outubro, guiados pelas correntes marítimas, eles devem retornar aos países onde habitam normalmente.

O problema encontrado pelos biólogos para cuidar dos animais é que a maioria deles vem sujo de óleo. “O óleo desestrutura as penas dos pingüins. Assim eles ficam mais sensíveis ao frio do alto mar. Por isso procuram a areia, caso contrário podem morrer de hipotermia”, explicou Krul. Ele destacou que o óleo encontrado nas aves deve ser da lavagem de porões de navios, da troca do produto das máquinas e de pequenos vazamentos. “Para fazer a limpeza dos animais, primeiro colocamos óleo de cozinha, que em contato com o material facilita sua retirada. Após, damos uma série de banhos nas aves”, explicou, destacando que em alguns casos é necessário que sejam dados dez banhos com detergente neutro e água morna.

Segundo o biólogo, existem produtos especiais para retirada do óleo, mas o tratamento feito pelo CEM já é suficiente. “Eles devem voltar a desenvolver suas atividades normais. Alguns, que receberem muito óleo nem chegaram à praia e acabaram morrendo”, contou, destacando que a vida do pingüim de Magalhães (Spheniscus magellanicus) gira em média quinze anos. Existem dezoito espécies diferentes de pingüim no mundo.

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