A gigante estatal russa OAO Gazprom elevou hoje o tom na disputa com a Bielo-Rússia, reduzindo o fornecimento de gás para o país em 30%. No dia anterior, o corte havia sido de 15%. O governo bielo-russo respondeu, ordenando a paralisação do envio do gás natural russo para a Europa. Mas, na sequência, a estatal russa anunciou que aumentará suas exportações para Europa por meio dos gasodutos que atravessam a Ucrânia, depois de a Comissão Europeia pedir que Bielo-Rússia e Moscou respeitem suas obrigações contratuais.
O presidente bielo-russo, Alexander Lukashenko, afirmou que a questão se tornou uma “guerra do gás”, segundo a agência russa RIA Novosti. O problema ocorre por uma disputa sobre o pagamento de dívidas pelo gás entre a Gazprom e a Bielo-Rússia. “Infelizmente, esse conflito tornou-se uma guerra do gás entre a Gazprom e a Bielo-Rússia”, afirmou Lukashenko, durante um encontro com o ministro das Relações Exteriores russo, Serguei Lavrov, segundo a agência de notícias russa.
A Gazprom informou que se preparava para extrair gás natural de estoques no subsolo em pontos da Europa, para assegurar o suprimento suficiente para os consumidores europeus. A companhia também pode comprar gás no mercado europeu, a fim de cumprir seus contratos.
Obrigações contratuais
A Comissão Europeia pediu hoje que Bielo-Rússia e Moscou respeitem as “obrigações contratuais”, em meio à disputa monetária entre as duas partes. Apesar disso, o ministro da Economia alemão, Rainer Bruederle, disse não estar preocupado com a possibilidade de a disputa resultar em falta de gás natural no país. Em comunicado, Bruederle disse não temer “mesmo” um problema na Alemanha, acrescentando que a demanda é particularmente baixa no verão local e que as reservas domésticas do país estão em bom nível.
A União Europeia depende da Rússia para cerca de 25% de suas necessidades de gás. A maioria desse gás, porém, chega aos europeus por gasodutos que não passam pela Bielo-Rússia. A Gazprom ameaçou reduzir os envios para a Bielo-Rússia em 85% nos próximos dias, se o país não pagar uma conta de US$ 192 milhões.
O Ministério das Relações Exteriores da Ucrânia afirmou, por meio de um porta-voz, que está “completamente neutro” nessa disputa. Já o primeiro-ministro da Polônia, Donald Tusk, disse que continua a chegar em seu país o volume previsto de gás da Rússia. O vice-premier polonês, Waldemar Pawlak, também ministro da Economia, adiantou que qualquer problema no fornecimento seria compensado com mais entregas da Ucrânia e com o gás das reservas domésticas. As informações são da Dow Jones.