Ingrid Betancourt chegou neste sábado (5) a um hospital de Paris para exames para avaliar se a ex-senadora e ex-candidata à presidência da Colômbia sofre de alguma complicação ou doença depois de permanecer seis anos na selva colombiana, em poder das Forças Armadas Revolucionárias Colombianas (Farc), informa o website aberto da BBC. Enquanto refém, comentava-se que sua saúde era frágil e havia a suspeita de que estivesse com hepatite.
Betancourt foi libertada com outros 14 reféns em uma operação do exército colombiano na quarta-feira. Ontem, em entrevista no Palácio do Eliseu, em Paris, ela começou a dar uma dimensão do que foram os seis anos de sofrimento na selva. Mas, apesar da disposição para falar do próprio drama, afirmou que algumas coisas jamais serão conhecidas. "Quando subi naquele helicóptero e decolamos sobre a floresta, disse a mim mesma que os detalhes sórdidos nunca seriam revelados", relatou.
Mesmo assim, contou que viveu acorrentada 24 horas por dia durante três anos, metade de seu tempo de cativeiro. Nesse período, foi vítima de torturas, humilhações e descobriu que, na dor e no desrespeito extremo, reside a tentação do suicídio. "Na selva não há sol, nem céu. Há uma muralha de árvores e feras assustadoras", disse, logo no início de seu discurso no Palácio do Eliseu. "Em média, caminhava 300 quilômetros por ano", afirmou, lembrando que a perseguição do Exército obrigava os revolucionários a constantes deslocamentos. "Precisava de luvas, porque na selva tudo fere. É um mundo absolutamente hostil, com animais perigosos, entre os quais o pior de todos, o homem, que me ameaçava", contou.