O espólio de Nelson Mandela chega a cerca de US$ 4,1 milhões, excluindo royalties e outros valores, e dentre os beneficiários de seu testamento estão familiares, funcionários, escolas onde ele estudou e o Congresso Nacional Africano, o movimento que lutou contra o governo dos brancos na África do Sul e que agora governa o país, informaram os executores de seu testamento nesta segunda-feira.
A terceira mulher de Mandela, Graça Machel, é a principal beneficiária do testamento porque o casamento dos dois foi em regime de comunhão de bens e, portanto, ela tem o direito à metade do espólio, contanto que se pronuncie em 90 dias, informou o executor Dikgang Moseneke, que também é vice-presidente do Tribunal Constitucional. O primeiro marido de Graça Machel, o presidente de Moçambique Samora Machel, morreu num acidente de avião em 1986.
A ex-mulher de Mandela, Winnie Madikizela-Mandela, não é mencionada no testamento.
Moseneke disse não ter ciência de qualquer objeção às disposições do testamento. Mandela, que foi prisioneiro durante o governo de supremacia branca na África do Sul e o primeiro presidente negro do país, morreu em 5 de dezembro, aos 95 anos. O executor destacou que um “inventário provisório” indica que os recursos de Mandela somam 46 milhões de rands, ou US$ 4,1 milhões, mas lembrou que a quantia pode mudar, na medida em que o testamento for estudado com mais cuidado.
O documento foi escrito em 2004 e as disposições foram atualizadas em 2005 e 2008. Os dois outros executores são George Bizos, um advogado de direitos humanos que foi amigo de Mandela durante muitos anos, e Themba Sangoni, juiz da província de Cabo Ocidental, local de nascimento de Mandela.
Mais cedo, Moseneke disse que o testamento fora lido em sua totalidade aos membros da família de Mandela. “Foi tudo bem”, disse ele. “Houve alguns pedidos de esclarecimentos.”
No ano passado, enquanto a saúde de Mandela piorava, sua família se envolveu numa série de disputas por causa de seus bens. Alguns familiares tentaram destituir Bizos e outros diretores de duas empresas cujos rendimentos deveriam beneficiar a família de Mandela.
Em outro caso, Mandla Mandela, neto do líder contra o apartheid, se desentendeu com os familiares porque havia autorizado a tranferência dos restos mortais de três filhos de Mandela para outro túmulo. Uma ordem judicial o obrigou a levar os restos morais de volta a Qunu, onde Mandela cresceu e foi enterrado, no dia 15 de dezembro. Fonte: Associated Press.