Os belgas foram hoje às urnas para uma eleição geral do Parlamento, em um momento decisivo para o processo de separação da Bélgica. A votação foi encerrada às 10 horas (horário de Brasília), em meio à expectativa de um forte apoio a um partido cujo líder defende que os flamengos, que são falantes de holandês, rompam seus laços com os francófonos da Valônia e, eventualmente, façam parte da União Europeia como um país à parte.

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A separação representaria um pesadelo para a Valônia, o sul pobre de língua francesa que depende, em grande parte, da transferência de fundos flamengos. Na Bélgica, existem hoje 6,5 milhões de flamengos e 4 milhões de valões. As eleições na Bélgica foram antecipadas em um ano, após a coalizão de cinco partidos liderada pelo premiê Yves Leterme ter se desintegrado em 26 de abril, em meio a uma disputa sobre a votação distrital bilíngue.

Essa questão está sem solução desde 2003 e colocou a nova Aliança Flamenga – que era um pequeno grupo político de centro há poucos anos – na liderança da disputa. O grupo deve conquistar um terço dos votos em Flandres, a região mais rica que fala holandês. O líder da Nova Aliança Flamenga e provável futuro primeiro-ministro, Bart de Wever, de 39 anos, defende uma separação ordeira da Bélgica, transmitindo os últimos poderes nacionais remanescentes, como nas áreas de Justiça, Saúde e Segurança Social, para Flandres e Valônia. Esse passo completaria 30 anos de um processo que deu cada vez mais autonomia para as duas regiões.

A Aliança Flamenga quer que Flandres se una à União Europeia, enquanto não há sentimentos separatistas na Valônia. A Bélgica também precisa reduzir seus gastos públicos em 22 bilhões de euros nos próximos anos, mas a questão ficou em segundo plano na eleição, diante da disputa entre valões e flamengos. Nas palavras do ministro das Finanças, Didier Reynders, um liberal francófono, os belgas enfrentam a seguinte questão: “Nós ainda queremos ficar unidos?”.

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A imprensa belga não divulga pesquisas de boca de urna. Os primeiros resultados significativos devem ser divulgados por volta das 15 horas (horário de Brasília). O voto é obrigatório na Bélgica e 7,7 milhões de eleitores estavam registrados para participar da votação. No país, há divisões para falantes de língua holandesa e francesa em absolutamente todas as áreas – desde partidos políticos até escritórios diferentes para a Anistia Internacional e a Cruz Vermelha.