Milhares de belgas realizaram uma “marcha da vergonha” hoje na capital do país, Bruxelas, para exigir um governo após um impasse de sete meses entre os políticos falantes de holandês e os falantes de francês. Pelo menos 15 mil pessoas participaram da manifestação convocada por estudantes na internet dos dois lados do país, na primeira manifestação do tipo desde as inconclusivas eleições de junho.

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“O que nós queremos? Nós queremos um governo”, gritava o grupo, formado em sua maioria por jovens, muitos vestidos de branco. As vestimentas evocavam a chamada “marcha branca” de 1996, quando 300 mil pessoas foram às ruas de Bruxelas para protestar contra os crimes do belga Marc Dutroux. Foi a primeira de uma série de marchas marcadas na capital para protestar contra a incompetência dos políticos.

O impasse, no país que mantém sedes da União Europeia, reflete o aprofundamento das divisões entre os falantes de holandês, no norte, e o sul falante de francês. Essa situação frustra os cidadãos, que realizam eventos para pressionar os líderes políticos a formar um governo. O jornal popular Derniere Heure informou no fim de semana que um casal belga batizou seu filho com o nome de “Bélgica”, para demonstrar seu apoio à unidade do país.

Os políticos debatem em meio a planos de diferentes comunidades pedindo mais autonomia, desde a eleição geral de 13 de junho, quando os separatistas tiveram expressivas votações. Os falantes de holandês, que representam 60% dos 11 milhões de cidadãos da Bélgica, querem mais autonomia para sua região, sobretudo em políticas fiscais e sociais. Os falantes de francês querem limitar a descentralização, temendo uma perda de subsídios e o início da separação belga. A marcha marcou o 224º dia sem um governo de fato no país. As informações são da Dow Jones.

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