Como desejava o ex-secretário de Estado dos Estados Unidos Henry Kissinger, a partir de 1º de dezembro o mundo terá não um, mas dois números de telefone para discar à procura dos líderes políticos da Europa. Cinquenta e dois anos após a assinatura do Tratado de Roma, a União Europeia (UR) escolheu ontem um presidente.
Seu nome é Herman Van Rompuy, de 62 anos, um líder discreto que, na função de premier da Bélgica, apaziguou um país à beira da fissura. Ao seu lado, a diplomata britânica Catherine Ashton foi escolhida vice-presidente e alta representante para Relações Exteriores – cargo equivalente ao de chanceler – pelo colégio eleitoral, formado pelos 27 chefes de Estado e de governo.
A escolha vazou no início da noite de ontem, nos corredores do Conselho Europeu, em Bruxelas, antes do anúncio oficial, e se mostrou menos traumática do que o esperado. Uma verdadeira batalha diplomática se anunciava pela aparente resistência do premier britânico, Gordon Brown, em renunciar ao apoio ao seu antecessor, Tony Blair. Encurralada por velhas questões diplomáticas – como a parceria com George W. Bush, o apoio aos EUA na guerra do Iraque, em detrimento da posição da França e da Alemanha -, pela impopularidade e pelo crescente euroceticismo de seu país, a candidatura implodiu.
A via de um consenso foi aberta pelo acordo entre o Partido Popular Europeu (PPE), de centro-direita, e o Partido Socialista Europeu (PSE), de centro-esquerda, que garantiria a cadeira de presidente a um liberal e a de chanceler a um socialista ou trabalhista.